O número elevado de bloqueios apenas em dezembro pode ser explicado pelo grande número de famílias que foram incluídas no programa nos dois últimos meses do ano. Apenas entre outubro e dezembro, para que se conseguisse alcançar a meta de 6,5 milhões de famílias participantes, foram cadastradas mais de 1,5 milhão de famílias.
"Nós usamos 12 critérios para verificar que não se trata de homônimos. Se a duplicidade é aparentemente confirmada, bloqueamos o benefício de menor valor e encaminhamos às prefeituras para que verifiquem o caso daquela família", explicou Rosani Cunha, secretária de Renda e Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social.
A migração dos beneficiados pelos antigos programas – Cartão-Alimentação, Bolsa-Alimentação, Bolsa-Escola e Vale Gás – para o sistema do Bolsa Família é responsável pela maior parte das distorções.
Como os cadastros de cada programa eram separados, em muitos casos a mesma pessoa aparece em mais de um deles e é transferido mais de uma vez para o Bolsa Família.
Um levantamento feito pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome mostra a superposição dos programas: entre as 1,5 milhão de famílias migradas para o novo programa, 40% eram atendidas pelo Bolsa-Escola, 97% pelo Bolsa-Alimentação 86% pelo cartão-alimentação e 45% pelo auxílio-gás.
O ministério também levantou que, hoje, 78% das famílias do programa estão na faixa de extrema pobreza – têm renda familiar per capita inferior a R$ 50 por mês. Os demais 22% têm renda mensal entre R$ 50 e R$ 100 por pessoa. Em média, os benefícios pagos são de R$ 72. No entanto, 23,6% dos beneficiados recebem o teto do programa, R$ 95, e 10% recebem o mínimo, R$ 15.