O Instituto do Coração de São Paulo (Incor) e a Fundação Zerbini entidade que apóia financeiramente o Incor, terão de passar por reestruturação interna para conseguir o refinanciamento da dívida de R$ 120 milhões acumulada no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Entre elas, o veto a salários maiores que R$ 16 mil. ?Temos cerca de 20 funcionários recebendo mais?, afirma Jorge Kalil, presidente do Incor. As outras mudanças já fazem parte do plano de reestruturação do Incor e da Zerbini, criado pela nova gestão das instituições no fim do ano passado.
Focar as ações da Zerbini só no Incor de São Paulo é uma delas. ?Começamos a separação jurídica do Incor de Brasília e vamos até o fim?, afirma Kalil. Outra medida é manter a mesma diretoria para a Zerbini e o Incor. Em novembro, por exemplo, a Zerbini negociou o fim dos convênios de administração de programas de saúde da prefeitura de São Paulo
As exigências de reestruturação foram feitas pelo governo do Estado, que até o fim de fevereiro vai confirmar a possibilidade de assumir a dívida da Zerbini com o BNDES. ?O (José) Serra só vai discutir isso com a gente (diretoria do Incor) quando concluirmos tudo. Já estamos praticamente prontos?, conta Kalil. Ontem, durante entrevista coletiva para falar do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Serra afirmou: ?Estamos trabalhando no assunto Incor, mas nada foi fechado ainda. Se houver assunção de dívidas, terá de ser em condições muito especiais?.
A Zerbini tem uma dívida de R$ 245 milhões – R$ 120 milhões com o BNDES e o resto com bancos privados e fornecedores. A decadência financeira começou no fim dos anos 90, com a construção do Incor 2, onde hoje funciona a alta complexidade do instituto.
Na época, o então governador Mário Covas teria pedido que o prédio fosse concluído rapidamente. O governo não tinha dinheiro e Covas teria solicitado para a fundação usar os US$ 50 milhões de seu fundo para isso. A Zerbini não só usou, como pediu empréstimo ao BNDES para terminar a obra e contratar funcionários. Covas teria afirmado que o dinheiro seria ressarcido à fundação. Em 2000, Covas morreu (de câncer), o real se desvalorizou drasticamente em relação ao dólar e a dívida não teria sido honrada pelo Estado.