O ministro da Defesa, Waldir Pires, anunciou nesta sexta-feira (27) a decisão do governo de estabelecer um "plano de expansão permanente" do número de controladores de vôo para atender o crescimento do mercado de aviação civil. O ministro não precisou, no entanto, quantos controladores de vôo existem hoje e quantos a mais serão capacitados. "Vamos ampliar enormemente o quadro", declarou o ministro, alegando que é preciso ter "uma margem de folga significativa para acompanhar a evolução do mercado".
Apesar de o ministro Waldir assegurar que, com a chegada dos novos operadores, até o final do ano serão resolvidos os problemas de tráfego aéreo nos aeroportos, ele mesmo lembrou que os novos técnicos precisam de cinco a seis meses para serem treinados. Nesta sexta-feira, novamente o aeroporto de Brasília viveu horas de tumulto com atrasos de até quatro horas.
Waldir Pires também assegurou que todos os novos controladores a serem contratados serão militares da Aeronáutica. "O espaço aéreo é problema de segurança nacional", declarou, ao explicar que os sargentos da Aeronáutica serão especializados e treinados para trabalhar no centro de controle do tráfego aéreo. "Normalmente serão militares por causa do DECEA (Departamento de Controle de Tráfego Aéreo) e do Cenipa (Centro de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos)", disse, referindo-se aos órgãos da Aeronáutica que cuidam do controle do espaço aéreo.
Frota
De acordo com o ministro, os problemas surgidos nas últimas semanas no tráfego aéreo de Brasília nada têm a ver com o afastamento dos oito operadores do Cindacta de Brasília, por conta do envolvimento direto ou indireto com o acidente com o Boeing da Gol, dia 29 de setembro. Para o ministro, os problemas que ocorreram foram fruto do aumento do volume de vôos.
"Houve crescimento do transporte de vôos de empresas e particulares e nesta sexta-feira temos a segunda frota de aviões particulares do mundo", justificou o ministro, explicando que "será dada preferência aos vôos de aeronaves comerciais e não às individuais, de particulares". Waldir Pires negou ainda que esteja sendo discutido a redivisão das áreas do país controladas pelos sargentos. "Não é necessário", declarou o ministro, justificando que o importante é ter 14 vôos por operador.
Gol
Sobre o acidente com o vôo da Gol, o ministro Waldir Pires disse que o Cenipa prossegue na averiguação das causas do acidente, mas sem se preocupar com culpados. "Eles estão preocupados em extrair lições para se evitar outros acidentes pelos mesmos motivos", declarou o ministro, insistindo que a Aeronáutica está repassando para o juiz de Mato Grosso e a Polícia Federal os dados possíveis. "Queremos plena transparência", comentou, ressalvando que os dados das caixas pretas do Boeing e do Legacy protegidos por acordos internacionais, serão preservados. "Estes dados das caixas pretas estão regidos por tratados internacionais e só serão repassados por decisão judicial", avisou.