Enquanto todas as atenções estão voltadas para a construção das usinas hidrelétricas do Rio Madeira (afluente do Rio Amazonas, no Norte do País), outros projetos que também poderiam salvar o País de um novo racionamento continuam empacados. De acordo com o relatório de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), hoje há cerca de 7,3 mil megawatts (MW) em usinas licitadas ou autorizadas que têm algum impedimento. Isso sem contar os 3,3 mil MW das unidades do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), que também estão com obras atrasadas.
"O governo poderia batalhar nesses projetos e teria mais tempo para discutir os problemas do Rio Madeira, que se têm complicado", afirmou o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires. Segundo ele, deveria haver uma força-tarefa para resolver os problemas de usinas antigas menores, que, juntas, têm potencial de gerar o mesmo que as do Madeira. A hidrelétrica de Jirau terá potência de 3.326 MW e a de Santo Antônio, 3.168 MW. "Se começar a operar em 2012, o Madeira vai acrescentar uns 500 MW de energia ao sistema no primeiro ano", explicou.
Pires alerta que não se pode jogar todas as fichas nesses projetos, chamados de estruturantes, e correr o risco de ficar sem energia. "Hoje, um terço do aumento da oferta tem como base três projetos: Rio Madeira, Belo Monte e Nuclear. Todos polêmicos." O governo ainda aposta nas usinas do Proinfa, cujas obras também estão atrasadas. De acordo com a Aneel, dos 12 projetos de biomassa, quatro contratos serão rescindidos e três estão com o cronograma normalizado.