Brasília ? O governo federal e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) assinaram convênio para fortalecer a articulação em defesa dos remanescentes de quilombos no país. A idéia é organizar encontros e seminários para mobilizar lideranças em todo o país. O acordo foi assinado na segunda-feira (23) pela ministra da Secretaria de Especial para Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro.
"O foco do trabalho é montar uma articulação com os atores sociais envolvidos e criar uma perspectiva de trabalho de fortalecimento político do movimento quilombola a partir de uma parceria estratégica com a Contag", disse o sub-secretário de comunidades tradicionais da secretaria especial, Carlos Eduardo Trindade. Segundo ele, serão feitos seminários com as lideranças quilombolas, seja da Contag, de movimentos sociais negros e de outros envolvidos com a comunidade quilombola para que a articulação seja feita.
Para o presidente da Contag, Manoel dos Santos, a comunicação e união dos movimentos é necessária para a cobrança de soluções principalmente quanto às invasões das áreas já reconhecidas, por poceiros e grileiros. "O que estamos procurando construir era exatamente o que faltava dentro de uma relação mais solidárias, mais objetiva e clara e de conjuntamente exigirmos do governo solução para problemas que se arrastam durante muito tempo. Atualmente tem se chegado no máximo, o reconhecimento das terras como áreas de quilombo mas a disputa interna de terras, seja com poceiros seja com grileiros, esses conflitos se aguçam", disse.
Manoel avalia que a Confederação pode contribuir "para fortalecer o processo das lutas das comunidades quilombolas no que diz respeito a solução dos problemas de conflitos de terra". Para ele, um trabalho articulado entre a Contag e a Coordenação Nacional de Remanescentes de Quilombos (Conaq) será essencial para a resolução dos conflitos de terras. "Acreditamos que essa parceria, primeiro Contag e Conaq, e dentro de uma relação construída com a Seppir, nós iremos avançar em benefício não só das comunidades quilombolas mas também no processo de um maior serviço da Contag a essas comunidades".
Durante a cerimônia de assinatura do convênio a ministra Matilde Ribeiro destacou que é importante tratar das questões relacionadas à terra mas sem esquecer que a população negra precisa de políticas públicas em outras áreas. "Essa aproximação entre Seppir e a Contag tem por base as políticas voltadas à terra, em particular a regularização fundiária, mas nós sabemos que devemos também atuar nas várias áreas das políticas públicas. Nessa reunião foram apontadas ações também na área da saúde, educação", disse.
