Os médicos pesquisadores Jaderson da Costa e Costa e Danton da Rocha Loures, da UFPR, apresentaram resultados de pesquisas feitas com células-tronco e agradeceram o apoio do governo paranaense, durante a reunião semanal da Escola de Governo desta terça-feira (16). Os estudos desenvolvidos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) contam com R$ 670 mil para as pesquisas, valor repassado pela da Secretaria da Ciência e Tecnologia.
Eles apresentaram o que eles chamaram de ?prestação de contas científicas? sobre as atividades para tratamento de doenças neurológicas e patologias cardíacas, que têm obtido resultados positivos. O professor Costa, da PUC-RS, destacou o trabalho em equipe realizado pelo Paraná e Rio Grande do Sul. ?Ele trouxe como novidade a capacidade de trabalhar junto, de dividir tarefas e de racionalizar custos. Isso permitiu que houvesse avanço rápido, considerando o tempo de pesquisa, de cerca de sete meses?, salientou.
Além das pesquisas sobre doenças neurológicas também são realizados estudos sobre patologias cardíacas. Segundo Rocha Loures, professor da disciplina de Cirurgia da UFPR, a parceria com a administração estadual surgiu num momento em que se buscam alternativas de tratamento que não sejam o transplante de coração. ?Nós conseguimos esse apoio e o governo do Paraná, com uma visão mais inteligente e ampla, decidiu estabelecer grandes parcerias. Foi aí que nos unimos com a PUC-RS?, afirmou. ?Nós tínhamos que ousar. Então, entramos com o estudo das células-tronco. Trabalhamos num laboratório específico montado com a verba que recebemos e estamos colhendo os resultados?, destacou Loures.
Os estudos realizados a partir da parceria do governo com as instituições de ensino paranaense e gaúcha visam atender, no futuro, a toda comunidade. ?Uma pesquisa só avança com esforço do governo e temos que reverter os benefícios para a comunidade, ou seja, para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS)?, acrescentou Costa.
Resultados
De acordo com os médicos, as pesquisas realizadas se dividem em dois braços: o neurológico e o cardiológico. As células-tronco adultas possuem capacidade de regeneração e de gerar outras de acordo com a necessidade do organismo.
Segundo Costa, essas células também são encontradas no sistema nervoso central. Os resultados obtidos com a pesquisa, até agora, têm sido positivos, com a recuperação rápida de pacientes que ficaram com seqüelas motoras ou de fala devido a derrames (AVC), por exemplo. O médico destaca que os estudos têm avançado no tratamento de lesões crônicas. ?Agora, estamos entendendo essas lesões ? que são o grande desafio ?, já que em relação às lesões agudas nós conseguimos evoluir bastante?, observou.
Por enquanto, as pesquisas incluem o tratamento de 20 pacientes. Em breve, os estudos passarão para estágios em que maior número de doentes será tratado. ?São as fases que utilizam controle ou placebo. Após isso é que o tratamento com o uso das células-tronco será estendido para pacientes do Sistema Único de Saúde?, completou.
Na parte cardíaca, o professor Loures contou que dez pacientes estão sendo tratados no Paraná com células-tronco, não optando pelo transplante cardíaco. Ele destacou os resultados obtidos com esse tipo de tratamento. ?Hoje estamos observando os primeiros resultados, que são de entusiasmar. É emocionante quando você encontra um coração que não bate mais ou que bate muito mal e que passa a se contrair melhor. As células-tronco promovem melhorias que uma cirurgia normal não alcançaria?, afirmou.
Os médicos apostam que, num futuro próximo, o tratamento com células-tronco poderá beneficiar a população em geral. ?Eu acredito que pela evolução dos trabalhos em algumas áreas ? como a cardíaca, dos AVC?s e das lesões agudas ?, nós teremos grandes definições nos próximos cinco anos?, concluiu Costa.