O governador Roberto Requião reuniu, nesta segunda-feira, 216 prefeitos paranaenses no Museu Oscar Niemeyer para discutir políticas de segurança pública, durante a reunião Operação Mãos Limpas.
A secretária de Defesa Social de Diadema, na grande São Paulo, Regina Maria Filomena de Luca Miki, foi convidada para falar sobre a política de segurança adotada pelo município para contribuir com a redução da criminalidade na cidade.
?Convidamos todos os prefeitos para uma parceria entre governo do Estado, prefeituras, Ministério Público e sociedade. A maciça presença dos prefeitos nesta reunião mostra uma inequívoca preocupação em melhorar a segurança pública em todo o Estado?, afirmou o governador.
A secretária Regina veio a Curitiba a pedido do major Anselmo José de Oliveira, secretário-chefe da Casa Militar. Segundo ele, Diadema é um exemplo de participação do município que deve ser seguido pelas prefeituras.
?Até os anos 80, nós pensávamos que segurança pública era um problema de polícia, mas hoje entendemos que é um problema de toda a sociedade. A polícia só deve atuar nos casos em que já se extrapolou qualquer possibilidade de encontrar outra alternativa?, justificou durante a reunião.
Regina apresentou o trabalho do município para conter a violência em Diadema. ?Temos plena consciência de que quem conhece os problemas da cidade é o poder municipal, não o Estado?, ponderou. Segundo ela, a Secretaria de Defesa Social passou a mapear a segurança pública do município, para fornecer a exata noção da violência.
?O prefeito tinha em mãos diariamente o relatório das ocorrências do dia anterior para poder analisar. A segurança pública foi o foco da administração e todas as secretarias passaram a trabalhar para diminuir a criminalidade?, contou.
Polícia Comunitária
Uma das principais ações para combater a criminalidade foi a criação de uma Guarda Municipal nos moldes da Polícia Comunitária. Foram criados os ?Anjos do Quarteirão?, que são guardas municipais que usam bicicletas e são responsáveis por patrulhar ruas específicas. São eles que verificam problemas de infra-estrutura, como iluminação, buracos no asfalto, saneamento básico.
?Nós tentamos resolver os problemas em, no máximo, 48 horas. A guarda assume as demandas sociais e libera a Polícia Militar para a prevenção ao crime?, disse.
A secretária citou projetos como Adolescente Aprendiz, que dá orientação profissional e coloca o adolescente em contato com programa de esporte e lazer, além do desarmamento infantil, com troca de armas de brinquedo por livros e gibis. Segundo Regina, em 2001, 156 jovens foram encaminhados para a Febem. Em 2005, foram 88, uma redução de 44%.
Outro projeto citado foi o de fechamento de bares às 23 horas. ?Percebemos que a maioria dos crimes contra a vida aconteciam das 23 às 4 horas da manhã e resolvemos, juntamente com o apoio da sociedade, fechar os bares.
Com isto, houve uma queda no índice de homicídios de 70% em média?, revelou. Para controlar a abertura dos bares, são organizadas blitze com a Guarda Municipal, a Polícia Militar e fiscais da prefeitura. A medida reduziu também o atendimento de pessoas embriagadas em postos de saúde, além da redução de acidentes de trânsito, violência contra a mulher e à criança.
Também foi criado o Conselho Municipal de Segurança, que realiza reuniões mensais com a comunidade, o Estado e o município para planejar as ações de segurança. ?O crime migra com facilidade e temos que ter agilidade para detectá-los e combatê-los?, disse.
O secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, elogiou a atuação da prefeitura de Diadema e comparou com algumas políticas implantadas no Paraná. ?Tudo o que se apresentou como um modelo aqui já faz parte de uma ideologia e proposta deste governo. Diadema trabalhou na prevenção e alcançou resultados positivos.
Aqui, nós temos também uma política de Polícia Comunitária, com as ferramentas Projeto Povo e Patrulha Escolar, para trabalhar junto com a comunidade nas cidades?, disse. Segundo ele, a solução não é o aumento de efetivo, mas sim trabalhar dentro da realidade de cada região. ?Por isto o Paraná insiste no geoprocessamento, que mapeia o crime a partir das ocorrências e assim todos os órgãos podem trabalhar juntos para combater a violência?, ressaltou.
Prefeituras
Durante a reunião, o governador ressaltou a participação das prefeituras e da sociedade no combate à criminalidade. ?Quantas coisas poderíamos fazer com a participação do município e da igreja, que poderia ter programas sociais junto conosco?, disse.
Requião lembrou o exemplo do Rio de Janeiro. ?O governador Leonel Brizola, quando percebeu que a polícia trabalhava para os traficantes resolveu tirar a polícia dos morros, mas esqueceu de subir com programas do Estado e estabeleceu-se o caos. Nossos projetos aqui têm esta intenção, de ocupar estes espaços e a polícia servirá também como uma consultoria, por meio do Projeto Povo e Patrulha Escolar?, concluiu.
O prefeito de Maringá, Silvio Barros, elogiou a iniciativa do governo em reunir os prefeitos para discutir segurança pública e trazer um exemplo de outro estado. ?Temos uma sociedade em Maringá bastante participativa, engajada, que trabalha para mudar a realidade?, disse.
O prefeito de Carlópolis, Isaac Tavares da Silva, ressaltou a iniciativa de fechar os bares e disse que implantou a idéia em seu município, o que reduziu sensivelmente a criminalidade. ?Para conseguirmos a aprovação da lei de fechamento de bares armamos uma guerra com os comerciantes, mas foi a comunidade quem decidiu?, relatou.
O prefeito de Cascavel, Lisías de Araújo Tomé, disse que já havia visitado a cidade de Diadema para conhecer o sistema de Guarda Municipal adotado por eles e implantar uma política parecida.
?Estamos tentando acertar o mesmo sistema deles em Cascavel, porque é um sistema que deu certo?, comentou. Ele ressaltou também a importância de existirem mais reuniões do Estado com os prefeitos do interior para discutir segurança pública. Participaram também os prefeitos de Londrina, das cidades da região metropolitana de Curitiba e do litoral e de todas as regiões do Estado.
O governador Roberto Requião explicou que a Secretaria da Segurança, o comando da Polícia Militar e o delegado geral da Polícia Civil visitarão os municípios que pedirem apoio para discutirem os problemas de segurança regionais. ?O Estado, por meio de seus secretários, está à disposição dos municípios para reuniões?, afirmou.