O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou hoje a edição de medidas adicionais para a área cambial. Segundo ele, o conjunto de ações voltadas para o exportador, anunciado na semana passada já é suficiente e deve levar, na opinião dele, a uma atenuação da valorização da taxa de câmbio. "O Brasil tem o câmbio flutuante, que é o melhor regime cambial, mas há alguma interferência do governo nesse câmbio", disse, para demonstrar que o pacote de medidas para o setor exportador não é a única forma de ação do governo na taxa de câmbio.
De acordo com Mantega, as compras de dólares promovidas pelo BC e as emissões de títulos pelo Tesouro Nacional têm tido um papel determinante para impedir uma maior valorização do real. "Então, não é verdade que não há uma preocupação e uma atuação do governo na área cambial", afirmou, destacando que, desde o início da gestão Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, as operações do BC e do Tesouro no mercado cambial, com vistas a uma valorização do dólar, já somam US$ 150 bilhões.
"Estamos atenuando uma valorização cambial, que é inevitável pelo sucesso que a gente tem tanto na área de comércio exterior quanto na área da solidez (dos fundamentos da área econômica)", afirmou Mantega, em entrevista à imprensa após sua participação no 3º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. "Se o governo não estivesse atuando, o câmbio estaria abaixo de R$ 2, na minha visão", acrescentou.
Para o ministro, o mercado e os empresários brasileiros terão que se conformar com um real mais valorizado, dado que, na visão dele, daqui para a frente, a tendência é de fortalecimento da economia local, com conseqüente efeito sobre a valorização da moeda do Brasil. "Nós estamos fadados a ter uma moeda valorizada. O que nós temos que fazer é impedir que ela seja muito valorizada", disse Mantega, para quem, dificilmente, o Brasil voltará a ter câmbio ao redor de R$ 2,90. "Como tinha no passado, quando era um país muito mais frágil, com a dívida muito maior.
Mantega, entretanto, admitiu que a taxa de câmbio observada neste momento não é a ideal. "Eu gostaria de um câmbio melhor, assim como gostaria de um juro menor, mas as coisas não são como a gente gostaria. São de acordo com as nossas possibilidades", observou.
Sobre o fato de o dólar ter fechado em queda na data em que o anúncio das medidas foi feito, o ministro da Fazenda limitou-se a dizer que "é preciso que o exportador faça novas exportações e deixe os recursos lá fora para ter efeito".