O desmentido, ao vivo, durante uma entrevista de rádio, do ministro da Previdência Social, Nelson Machado, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o fim das filas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi considerado "muito grave" no governo. Machado, um técnico, foi considerado "inábil" e enquadrado pela administração federal. Hoje, ele, que havia dito a Lula ser "muito difícil" acabar com as filas e que elas eram "normais", mudou o discurso e, também em rádio, afirmou que o "objetivo é acabar com as filas", insistindo que trabalhará para isso.
Embora tenha tentado demonstrar que o desmentido, durante a entrevista, não o abalou, o presidente não gostou da atitude de Machado, que, nem mesmo depois de ter sido advertido por ele com um "alerta" de que havia feito o compromisso para todo o Brasil, insistiu que as filas não acabariam. A questão é que, o ministro da Previdência Social, depois de deixar o Planalto, voltou para o ministério e insistiu ser impossível levar a cabo com as filas. Mais tarde, ainda hoje, teve de retornar ao Planalto para uma conversa, quando foi advertido sobre o "absurdo" que cometera e de que teria de consertar o estrago.
As assessorias do Palácio do Planalto e da Previdência entraram em ação para que amanhã (26) o ministro fizesse o novo discurso, tentando não deixar o presidente na situação delicada em que o deixou.
Alguns dos principais auxiliares de Lula ficaram estarrecidos com a atitude de Machado. Temem que possa passar para a população que o presidente não tem autoridade sobre os ministros, principalmente, porque este episódio acontece no momento em que a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, tem trocado farpas pela imprensa, mesmo depois de o presidente ter mostrado a insatisfação com este tipo de comportamento. Acham que pode incentivar ministros a se mostrarem independentes, principalmente, de partidos aliados, fazendo com que o Poder Executivo perca o controle da situação.
