Governo brasileiro comemora saída de ministro boliviano

O governo brasileiro recebeu com satisfação e alívio a renúncia do ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Solíz Rada, considerado pelo Palácio do Planalto como principal obstáculo a uma solução para a crise provocada pelo decreto que nacionalizou o setor do gás e do petróleo no país vizinho. ‘Que ótimo. Calculei que isso fosse acontecer’, afirmou uma fonte do governo ao ser informada sobre a queda de Solíz Rada, no início da noite de ontem.

Oficialmente, o governo brasileiro evitou se manifestar. De São Paulo, o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou que não comentaria questões internas do governo boliviano. Apenas ressaltou como uma ‘atitude positiva’ a decisão de La Paz de, anteontem, revogar a resolução do Ministério de Hidrocarbonetos que transferia o controle das refinarias da Petrobrás para a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB). Esse recuo do governo boliviano foi obtido ao final de uma série de contatos de Garcia com o presidente em exercício, Álvaro García Linera, na quinta-feira.

Fontes do Palácio do Planalto, que preferiram não se identificar avaliaram que a renúncia de Solíz Rada deverá fortalecer a posição de García Linera. O vice-presidente havia se apresentado no dia 24 de agosto, em Brasília, como principal interlocutor boliviano nas negociações entre os dois países sobres as pendências na área energética e os eventuais investimentos adicionais do Brasil no país. A iniciativa do ex-ministro de autorizar o confisco das refinarias, argumentaram as mesmas fontes, teria sido uma última tentativa de desautorizar e fragilizar o vice-presidente.

Pimenta

Para o governo brasileiro, Solíz Rada converteu-se no instigador de uma política de confrontação do governo boliviano com o Brasil. Sua visão ‘anti-brasileira’ teria levado La Paz a ‘apimentar’ o decreto de nacionalização, que revelou um teor mais radical que o esperado. O decreto havia sido anunciado com foguetório por Evo Morales em 1º de maio e sua edição, em pequenos livros, tornou-se um best-seller no país. A queda de Solíz Rada, portanto, seria resultado de dois movimentos.

O primeiro, suas insistentes iniciativas de desmoralizar cada passo da negociação entre Brasil e Bolívia nos últimos quatro meses. ‘Toda vez que o Evo se encontrava com o presidente Lula, ele disparava uma declaração contra o Brasil. No mesmo dia que García Linera veio a Brasília para criar uma relação de confiança, Solíz Rada atirou de novo na Petrobrás’, afirmou uma fonte.

O segundo movimento foi o enquadramento de Evo e a recuperação de seu diálogo com Lula. Essa mudança teria ocorrido em Viena, no fim de maio, depois que boliviano ‘desdisse’ suas declarações de que a Petrobrás seria sonegadora e contrabandista ao próprio Lula.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo