As negociações entre a Petrobras e o governo boliviano sobre o controle das refinarias voltaram a esquentar na terça-feira. O ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, deixou o tom amistoso das reuniões anteriores e ameaçou usar novamente o dia 1º de maio para a publicação de um decreto supremo de expropriação das duas unidades da estatal brasileira. A última proposta do presidente Evo Morales prevê o pagamento de US$ 50 milhões, um quarto do valor dos ativos pedido pela Petrobrás.
No dia 1º de maio do ano passado, o governo Evo surpreendeu o Brasil ao editar um decreto supremo nacionalizando o setor de petróleo e gás. Muitos pontos da medida ainda não foram colocados em prática, mas a mudança obrigou a Petrobras a assinar novo contrato de exploração e produção de petróleo e gás em solo boliviano. Entre as medidas em aberto, está a prevista no artigo 7º do decreto, que previa a transferência ao Estado boliviano de pelo menos 50% mais 1% das ações das refinarias e das privatizadas Chaco, Andina e Transredes.
Segundo uma fonte diplomática ouvida pela Estado, a nova ameaça pode ser um blefe para assustar o governo brasileiro e impor um rumo desejado por La Paz às negociações com a estatal brasileira. ?Pode ter sido outro chute na canela para tentar intimidar a Petrobras?, afirmou a fonte. O fato é que a chancelaria brasileira está em estado de alerta nos próximos dias, na expectativa de um eventual novo golpe de La Paz.