O sítio Oliveira de 13,6 hectares, de Lorival de Oliveira, localizado no Assentamento Iraci Salete, em Alvorada do Sul, virou sala de aula ao ar livre para receber na tarde de sexta-feira (15) mais de 70 agricultores familiares interessados na produção de feijão. Neste Dia de Campo, promovido pelo Governo do Paraná, com recursos do Programa Paraná 12 Meses, e realizado pela Emater que colocou em prática a Campanha Acerte o Alvo para eliminação da deriva de agrotóxicos, o Iapar apresentou sete cultivares potenciais de cultivo em pequenas propriedades rurais, além dos procedimentos técnicos de preservação e recuperação dos solos como do controle correto de pragas e doenças do feijoeiro.
?A importância do evento está na difusão de tecnologia para produzir feijão na pequena propriedade agrícola, como diversificação das atividades econômicas?, afirma Carlos Magno de Paiva Rolla, gerente regional em exercício da Emater de Londrina, para justificar a programação realizada pela extensão rural oficial em parceria da pesquisa agronômica, com apoio dos assentados, Prefeitura, Corol, Agrícola Alvorada, Cotrara e Uel.
Coube ao Iapar, juntamente com a Emater, o proprietário da área e a colaboração de agricultores em regime de mutirão, instalarem a unidade demonstrativa de dois mil metros quadrados, plantando sem adubo e com matraca no dia 23 de abril as sete cultivares, distribuídas cada uma em 12 linhas de 30 metros. ?A proposta da unidade demonstrativa estabelece ainda que o grupo de agricultores faça a colheita e a trilha em separado, para uso futuro dos grãos como semente visando a multiplicação?, assegura o extensionista municipal Reinaldo Neris dos Santos, da Emater de Alvorada do Sul.
As cultivares
No roteiro da visita monitorada, o pesquisador Nelson da Silva Fonseca Junior, da área de melhoramento genético do Iapar, apresentou as cultivares do gênero Phaseulus aos participantes da tarde de campo, lembrando que as flores brancas dão feijão-carioca e as flores roxas dão feijão-preto. Destacou que o IPR Colibri é um carioca pitoco, porte pequeno, superprecoce, ciclo de 65 dias e produtividade de três mil quilos por hectare.
É utilizado na rotação de cultivares, podendo ser plantado em fevereiro e colhido em maio, dando tempo para a entrada do plantio do trigo ou aveia ou girassol e plantio também em agosto e colhido em meados de novembro, dando tempo para a entrada da soja. Por ser de ciclo rápido, não tem resistência aos veranicos e a planta não se recupera.
O IPR Uirapuru é feijão-carioca e para o pesquisador Nelson é cultivar de ótima culinária, de caldo achocolatado, bela aparência de prateleira e fácil aceitação do consumidor. Tem como limitante suscetibilidade à presença da bacteriose curto bacterium, que destrói os vasos matando a planta por corte de circulação da seiva. Produtividade acima de três mil quilos por hectare.
Devido ao porte alto da planta e vagens distante do solo, permite colheita mecânica e com pouco risco de perda por brotação das vagens. Ciclo de 90 dias, com plantio em meados de agosto e colheita em novembro.
O IPR Saracura, carioca leite e grão puro bem claro, é de porte pequeno, quase rasteiro. Ciclo de 85 dias e plantio recomendado nas épocas tradicionais das águas e de outono/inverno. Colheita manual. O IPR Juriti é o mais produtivo dos cariocas, com 20% a mais de produtividade. Tem porte ereto, plantio em época normal e ciclo de 90 dias. Porém, a aparência dos grãos escuros é de envelhecimento, podendo causar deságio na hora da comercialização, assegura o pesquisador Nelson. O IAPAR 81é o mais tolerante dos cariocas ao calor e às doenças fúngicas de solo. Plantio nas épocas recomendadas e é o mais plantado no Paraná.
Dos feijões pretos, foram apresentados: o IPR Chopim, denominação dada em homenagem ao Rio Chopim na região de Pato Branco, onde foram feitos ensaios de pesquisa. É vigoroso de porte e o mais produtivo dos pretos. Ciclo de 90 a 95 dias e cultivado nos períodos normais; e, o IPR Graúna, de porte médio, rústico, adaptado ao cultivo orgânico, ciclo de 90 dias e produtividade superior a 3,5 mil quilos por hectare.
As considerações técnicas dadas no Dia de Campo foram claras: a sustentabilidade do solo para garantir a manutenção do agricultor familiar na atividade, fazendo correção da acidez e mantendo a matéria orgânica produzida no próprio estabelecimento rural, sem descuidar da escolha da melhor cultivar e da semente de boa qualidade, época mais segura de plantio e controle correto das pragas e doenças.
Informações que agricultores como Silvano Aurélio de Oliveria, do Assentamento Dorcelina Folador, de Arapongas, e agricultoras como Izabel Paula do Nascimento, do Assentamento Florestan Fernandez, de Florestópolis, levaram para colocar em prática em suas propriedades na próxima safra de feijão.
No Paraná
A base tecnológica para produção de feijão no Paraná prevê três safras anuais distintas. A safra das águas, já colhida em janeiro, quando foram produzidas 400 mil toneladas de feijão, abaixo da última safra correspondente quando superou 487 mil toneladas, informa o Deral (Departamento de Economia Rural).
A safra da seca também em relação à safra correspondente reduziu em área, de 124,4 mil para 112,1 mil hectares, em produção de 159,9 mil para 118,9 mil toneladas e produtividade de 1,35 toneladas para 1,08 toneladas por hectare. A safra de inverno, que esta em fase de plantio, repete a situação de redução se comparada com a safra correspondente anterior de 22,65 mil para 16,50 mil hectares e produção de 15,35 mil toneladas para 9,11 mil toneladas.
Para a Superintendência da Conab – Regional do Paraná, esta redução na oferta pode gerar cotações firmes para o feijão nos próximos meses, ?apesar dos sinais cada vez mais evidentes de uma estabilização ou mesmo queda de consumo do produto para os próximos anos?.