A regulamentação de dois tipos de organização, para facilitar a busca de órgãos para transplante, foi autorizada por uma Resolução assinada pelo secretário estadual da Saúde, Cláudio Xavier. A medida visa ampliar a captação de órgãos e melhorar o sistema de notificação. Trata-se das Organizações de Procura de Órgãos (OPO´S) e de Organizações de Procura de Córnea (OPC´S).
Segundo o secretário, ?esta é mais uma ação em nosso plano para aumentar os transplantes no Paraná. Estamos trabalhando em todas as frentes possíveis, mas nada disso será possível se não contarmos com o apoio da população?. Ele explica que as OPO´S serão entidades constituídas por um ou mais hospitais notificantes. Elas terão uma série de atribuições para atingir o objetivo final, que é a diminuição das filas de espera de órgãos. O Paraná será o segundo estado brasileiro a regulamentar a criação das organizações. Até então, apenas São Paulo havia adotado essa alternativa, com resultados além do esperado.
As organizações procederão a procura e identificação de potenciais doadores, desde que sejam clínica e legalmente capazes de se tornarem doadores, colaborarão com hospitais notificantes na realização do diagnóstico de morte encefálica, deverão definir o horário da retirada dos órgãos e tecidos, e fazer ainda a coordenação da sala cirúrgica, entre outras atribuições técnicas.
Embora a parte prática seja um dos principais pontos da criação, as ações educativas também estarão presentes. ?Elas deverão desenvolver atividades de sensibilização da população e atividades de orientação e educação para profissionais da área da saúde. Não podemos esquecer esses pontos, que também são muito importantes?, analisou o diretor da Central Estadual de Transplantes, Carlos d´Avila. Ele explicou que esta é mais uma ação que se soma e vai auxiliar no crescimento do número de transplantes e captação de órgãos.
Para a criação das organizações existem alguns requisitos mínimos, como a disponibilização de uma estrutura própria, com capacidade de gestão e equipamentos necessários. Também é indispensável a presença de funcionários capacitados e a presença de um coordenador médico, proposto pelos hospitais constituintes, com formação e experiência na área de captação de órgãos para transplantes.
Entretanto, qualquer pessoa ou organização está habilitada a criar uma OPO´s ou OPOC´s, desde que cumpra os requisitos. ?O financiamento dependerá do acordo feito entre as organizações e os hospitais, visto que o Ministério da Saúde já prevê repasses de verbas para a busca e captação de órgãos. O Estado regulamenta e fiscalizará estas organizações?, disse d´ Avila.
Recorde
O número de transplantados no Paraná no primeiro semestre de 2005 foi maior que a média nacional, conforme informações divulgadas pelo Registro Brasileiro de Transplantes. O documento aponta que no Paraná a média foi de nove transplantados por milhão de habitantes / ano, enquanto a média nacional ficou em seis. O Paraná ainda ficou acima da média nacional em notificações de potenciais doadores no mesmo período. No Estado, a média foi de 32 notificações por milhão de habitantes / ano, enquanto a média nacional ficou em 26.
Ações
Os resultados se devem ao trabalho desenvolvido pelo Governo do Paraná, que incentiva cada vez mais a doação de órgãos e tecidos. Em 2004 houve no Paraná um aumento de 22,8% no total de transplantes em relação a 2003. Embora o número tenha caído em 2005, depois desse crescimento, a perspectiva é boa. Em fevereiro um novo programa de incentivo e captura de órgãos entrará em funcionamento e será mais um recurso para incentivar as doações e melhorar a vida de quem precisa.
Além da criação das organizações, a Secretaria está investindo em exames mais modernos que proporcionam mais agilidade ao diagnóstico de morte cerebral, bem como o treinamento e reciclagem de intensivistas e a criação da central de transplantes de Cascavel.
Transporte
A rapidez é essencial quando se fala em transplantes. O transplante de coração deve ser feito, no máximo, em seis horas após a retirada, por exemplo. Para facilitar o transporte de órgãos, uma portaria ministerial permite a utilização de aviões de carreira, bem como ônibus de linha ou táxi. A CET-PR possui uma viatura própria e, dependendo do caso, pode utilizar os aviões do Governo do Estado para maior agilidade.