Governo alerta para a alta incidência do Glifosato na soja transgênica

Técnicos da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura
encaminharam para análise laboratorial algumas amostras de soja geneticamente
modificada produzida no Paraná. Foram encontrados resíduos da substância
Glifosato e de seu metabólito AMPA em 100% dos testes concluídos até o momento.
Em uma das amostras ainda, o índice apresentado foi acima do limite permitido
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Limite Máximo
de Resíduos (LMR) de agrotóxicos apresentados em alimentos é estipulado pela
Agência. No início de 2004, mesmo período em que se iniciaram as discussões
acerca da liberação da soja transgênica no Paraná, este número aumentou em 50
vezes: foi de 0,2 mg/kg para 10 mg/kg. Apesar de estarem dentro da legalidade,
os índices de resíduos do Glifosato apresentados nas amostras analisadas são
bastante preocupantes.

Os agrotóxicos são substâncias químicas ou
biológicas que, quando bem utilizadas, impedem a ação danosa de seres vivos
nocivos à agricultura, sem estragar os alimentos. Na soja convencional, estes
produtos são utilizados apenas no pré-plantio, ou seja, no momento em que a
terra ainda não recebeu a semente. Isso faz com que o veneno atue na eliminação
das ervas daninhas sem entrar em contato com o alimento. Desta maneira, os
riscos de danos à saúde dos seres humanos por meio do consumo de soja e seus
derivados, apesar de existentes, tornam-se mínimos.

A grande preocupação
está na utilização dos agrotóxicos no cultivo da soja transgênica, afirmam os
técnicos da Defesa Sanitária. Nesta cultura, segundo eles, o herbicida é
utilizado também no período pós-emergente, ou seja, diretamente sobre a planta
germinada. Com isso, as chances de resíduos das substâncias tóxicas utilizadas
nesta etapa permanecerem no alimento são maiores. Como 60% dos produtos
comprados nos supermercados contêm soja, fatalmente os que são derivados das
geneticamente modificadas também correm grande risco de estarem
contaminados.

Além dos danos ao meio ambiente causados pelo uso abusivo
de agrotóxicos, que contribuem para o empobrecimento do solo, os riscos com a
saúde animal também são eminentes. Segundo estudos de pesquisadores franceses da
Université de Caen, dentre os possíveis prejuízos causados à saúde humana, por
exemplo, está, no caso das mulheres, o aborto.

O chefe da seção de
Fiscalização do Receituário Agrônomo e Ecotoxicologia da Secretaria de
Agricultura, Reinaldo Onofre Skalisz, ressalta ainda que outra preocupação do
Governo do Paraná é com relação às exportações. ?Logo os países importadores,
observando todos esses riscos, poderão restringir a entrada da soja transgênica
brasileira por estarem contaminadas com Glifosato e AMPA?. Para o técnico, a
saída será evitar o consumo de alimentos que contenham organismos geneticamente
modificados, ?pois ainda não sabemos se após o preparo os resíduos dos
agrotóxicos são eliminados ou não dos alimentos à base de soja transgênica?,
acrescentou

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