Depois de tentar inviabilizar a abertura da CPI do Apagão Aéreo no Senado, os governistas mudaram a estratégia: resolveram indicar os integrantes da comissão e apostar que a concorrência com a mesma CPI na Câmara vai enfraquecer as investigações. Os líderes aliados no Senado prometeram indicar, na próxima terça-feira, também os integrantes da CPI das ONGs, que deveria ter começado a funcionar no fim do ano passado. Mais uma vez, com a expectativa de que as CPIs vão atrapalhar umas as outras.
Apesar da aposta de naufrágio das comissões, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), deixou claro que haverá reação se a oposição insistir em investigar denúncias de irregularidades, como superfaturamento e direcionamento de licitações, na Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), a estatal responsável pelos aeroportos do País. A tática será mostrar que a Infraero firmou convênios e parcerias com os governos estaduais, inclusive os da oposição.
No Senado, o mais provável é que o PMDB, de ampla maioria governista, fique com a presidência e o DEM, com a relatoria da CPI, por serem as duas maiores bancadas. Para evitar o excesso de comissões, o DEM poderá adiar a instalação da CPI das ONGs.
?Não queremos fazer manobra para evitar CPI, só se fosse por entendimento político?, afirmou Jucá. ?No fundo, vai ter disputa entre as CPIs?, previu o líder. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), terá que decidir na próxima semana o que fazer com um requerimento do senador em que pede o arquivamento da CPI no Senado, segundo ele inconstitucional por já existir outra na Câmara com o mesmo foco.