Depois deflagrar uma crise no ninho tucano, o governador do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), não usou mais o depoimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu programa no horário eleitoral de rádio e televisão de hoje. Ele, no entanto, continuou ignorando Geraldo Alckmin, candidato do partido dele ao Palácio do Planalto. Lúcio Alcântara foi proibido pela Justiça Eleitoral cearense de veicular a fala de Lula, mas seu advogado, Meton César Vasconcelos, avisou que ele deverá recorrer da decisão.
O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) acatou hoje o pedido de liminar interposto pela coligação de Cid Gomes (PSB), principal adversário de Lúcio na disputa pelo governo cearense, contra a propaganda eleitoral do tucano. Mas Lúcio vai insistir. De acordo o advogado Vasconcelos, o governador não fez campanha, mas apenas mostrou que tem uma parceria com o governo federal. "Foi uma postura institucional e a Constituição Federal define que essa parceria deve existir", afirmou o advogado.
Hoje, tanto no rádio como na televisão, Lúcio manteve a fala onde enaltece a parceria mantida por ele com a administração do presidente Lula. "É necessário que o governo do Estado tenha, como estou tendo, permanente diálogo com a sociedade e estreita parceria com o governo federal. Um grande exemplo da parceria com o governo federal e organizações internacionais é a instalação da Usina Siderúrgica do Ceará. Uma luta antiga que tenho a honra de realizar", disse. "Quero continuar contando com a parceria do governo federal e, sobretudo, com a parceria do povo cearense.
Na televisão, enquanto a coligação de Cid Gomes apresentava fotografias, o nome e o número de Lula ao fundo, Lúcio e a maioria de seus apoiadores não fizeram qualquer referência a Alckmin. Apenas três candidatos a deputado, todos ligados ao senador Tasso Jereissati (PSDB), pediram votos para o candidato tucano à Presidência.
Tasso tem evitado polemizar com Lúcio. Na única declaração pública sobre o episódio feita até agora, na segunda-feira à noite, ele se queixou das "traições" e que vai "votar no PSDB de ponta a ponta". Rompido politicamente com Lúcio desde a insistência do governador em disputar a reeleição, o presidente nacional dos tucanos tem feito sozinho campanha paralela no Ceará, onde pede votos para Alckmin e nem sequer cita Lúcio.