O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), negou nesta quinta-feira (24) ter qualquer envolvimento com as irregularidades investigadas pela Polícia Federal na Operação Navalha, e atacou o clã Sarney, a quem acusa de tentar dar "um golpe" para afastá-lo do poder. Jackson, que retornou nesta quinta-feira ao Maranhão, fez a carga contra o senador José Sarney (PMDB-AP) e contra sua filha, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), diante de cerca de 5 mil pessoas (na imensa maioria formada por militantes do PDT) que participaram de uma manifestação a seu favor, organizada em frente ao Palácio dos Leões, sede do governo estadual.
"Esse golpe não vai pegar", disse o governador em seu discurso. "Eles (o grupo de Sarney) passaram 40 anos enriquecendo às custas do empobrecimento do nosso povo", atacou. "Eles pensavam que lá fora o Brasil não me conhece. Pensavam que poderiam me misturar com eles e, desta forma, eu ser tirado do Palácio do governo. Eu vou lutar em respeito aos compromissos que assumi ao longo de toda a minha vida", garantiu.
Desde cedo, manifestantes esperaram Lago chegar no aeroporto de São Luís com cartazes e adesivos com os dizeres "Golpe não! Sarney nunca mais". Apesar do tom pesado dos ataques contra seu maior adversário político, Lago enfrenta um desconfortável momento político no Maranhão. Dois de seus sobrinhos foram presos pela PF na Operação Navalha, acusados de supostamente cobrarem propina para que fossem facilitados pagamentos superfaturados para a Construtora Gautama dentro do governo estadual. No atual governo de Lago, foram liberados cerca de R$ 6,12 milhões para a Construtora Gautama, entre 9 de março e 25 de abril. O dono da Gautama, Zuleido Soares Veras, é apontado pela PF como mentor do esquema de fraudes em obras públicas, ocorridas em diversos Estados, além do Maranhão.
Já em 2006, a Gautama tinha conseguido a liberação de 12 pagamentos, num total de R$ 25,4 milhões, durante o governo de José Reynaldo Tavares (PSB), antecessor de Lago e que chegou a ser preso na Operação Navalha. Assim, em apenas 16 meses, José Reynaldo e Lago liberaram R$ 31,7 milhões para a Gautama. Todas essas obras já foram analisadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e apontam problemas de superfaturamento e aditivos contratuais em desacordo com a Lei de Licitações.
Entre as obras com problemas estão quatro pontos espalhadas pelo norte do Maranhão que ligam nada à coisa alguma, já que não existem estradas ao redor dessas obras. No discurso, Lago disse que a construção das pontes "foi apenas um adiantamento" e que já foi tomada a decisão de construir as estradas que nunca foram feitas.