Governador do MA nega propina, mas admite indícios de irregularidades

Brasília – Depois de prestar depoimento nesta quarta-feira (30) à ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT) negou ter recebido qualquer propina da construtora Gautama. Mas admitiu que há indícios de irregularidades nos contratos entre a empresa e o governo do estado.

"Está evidente que há muitas irregularidades, e estamos apurando tudo. [Ao depor hoje] Dei minha contribuição [para a investigação] e já determinei que todos os órgãos do estado ajudem a Polícia Federal e o Ministério Público Federal no que for possível para que tudo fique bem claro".

Segundo o advogado do governador, José Eduardo Rangel de Alckmin, as obras da Gautama no estado estão todas suspensas. A empresa é apontada pela Polícia Federal (PF) como centro do suposto esquema de fraudes em licitações públicas e desvio de recursos públicos para obras. As suspeitas surgiram a partir da Operação Navalha, deflagrada pela PF em 17 de maio.

O governador classificou como "profundamente lamentável" a suspeita de que seus sobrinhos estariam envolvidos no esquema. Alexandre Maia Lago e Francisco de Paula Lima Júnior foram presos durante a operação, acusados de receber, em nome do tio, R$ 240 mil de propina.

Lago negou ter recebido o dinheiro. "Tenho uma vida honrada e limpa. Todo o meu patrimônio é o apartamento em que moro com a minha mulher e uma caminhonete que estou pagando em 36 vezes", disse. "Fui um profissional exitoso e, se quisesse ganhar dinheiro, teria ganho como médico". Além de médico e de ter sido professor na Faculdade de Medicina do Maranhão, ele foi eleito prefeito de São Luís por três vezes.

Sergundo o advogado, no depoimento de aproximadamente duas horas e meia, o governador disse não ter conhecimento das negociações que estariam sendo feitas à sua revelia, utilizando seu nome.

Também se prontificou a encaminhar à ministra do STJ cópias de sua declaração de bens, dos extratos bancários e do carnê de pagamento das prestações da caminhonete. Alckmin afirmou, ainda, que o governador também possui uma casa onde vive a mãe de sua primeira esposa.

Por fim, o advogado disse que, mesmo não podendo esclarecer se os sobrinhos receberam ou não propina da Gautama, Lago se comprometeu a colaborar com a investigação.

"Ele vai colaborar intensamente com toda a apuração. Se os sobrinhos praticaram alguma ilicitude, vão ter de pagar por isso". De acordo Alckmin, os sobrinhos do governador jamais atuaram com conhecimento dele, nem interferiram em nenhum ato do governo.

Depois do depoimento de Lago, a ministra Eliana Calmon começou a ouvir o ex-procurador-geral do Maranhão Ulisses César Martins de Sousa. O último depoente do dia será o ex-ministro de Minas e Energia SilasRondeau.

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