Referindo-se à declaração do presidente ontem de que trabalhará "com carinho" para atendê-lo, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB) afirmou que insistirá no pedido de ajuda das Forças Armadas no policiamento da capital. O governador disse nesta terça-feira (10) ter sentido receptividade do presidente à sua proposta, apesar de o ministro da Justiça, Tarso Genro, ter se mostrado contrário ao emprego de militares em tarefas policiais. Cabral disse ter "muito respeito" pelo ministro, mas demonstrou confiar na sua relação próxima com Lula, que recebe amanhã no Rio, para convencer o governo.
"É com carinho que quero tratar do problema com ele (Lula) amanhã", disse o governador. "O presidente, mais uma vez, mostra apreço pelo Rio de janeiro, entendendo a necessidade da população por mais segurança, o que pode ocorrer com o trabalho conjunto da polícia do estado com as Forças Armadas, a exemplo do que ocorreu em outras ocasiões, como a Eco 92", afirmou. Cabral disse entender quando Tarso argumenta que militares não são treinados para o policiamento de ruas, mas acredita que o diálogo pode criar uma saída.
Apesar de a responsabilidade pela segurança pública ser do governo estadual, Cabral defendeu que o combate à criminalidade não deve ficar restrito ao poder regional. "A palavra auto-suficiência em termos de segurança deveria ser esquecida em favor da palavra parceria", disse, após a cerimônia do início das operações do emissário submarino da Barra da Tijuca, na zona oeste, citando experiências em outros países.
A proposta de que as Forças Armadas participem do policiamento ostensivo no Rio foi levantada novamente pelo governador ontem, ao comparecer ao velório de um policial militar que fazia a guarda de seus filhos. O PM, morto durante um assalto no domingo foi o 39º policial que perdeu a vida no governo de Cabral.
Na proposta do governador, os militares não fariam incursões em favelas, mas colaborariam atuando em vias como a Avenida Brasil e as Linhas Vermelha e Amarela, liberando efetivo da Polícia Militar para o patrulhamento de outras áreas da cidade. Para o governador, se houver o acerto político entre ele e o presidente Lula sobre a questão, a parte operacional será definida pelas autoridades estaduais e pelos comandantes das Forças Armadas. "Não sou especialista, apenas chefe do Executivo do meu estado e devo, como tal, transmitir o anseio que percebo na população", afirmou.