A técnica em enfermagem Maria, de 43 anos, vive o drama de ter dois dos filhos acusados do assassinato de João Hélio Fernandes. O mais velho, Carlos Eduardo Toledo Lima, o Dudu, de 23, é apontado pela polícia como o chefe da quadrilha que roubou o carro da mãe de João, Rosa. E., de 16, disse que confessou o crime a pedido do irmão.
?Gostaria de ter enterrado meus filhos. Gostaria de estar no lugar dela (Rosa, mãe de João). Minha dor é pior do que a dela, só de pensar que um dos meus filhos pode ter feito aquilo?, disse. Maria não quer ter o nome todo revelado nem ser fotografada. ?Toda hora que fecho os olhos vejo o carro correndo com aquela criança. Não quero ser tachada como a mãe dos monstros.? Ela não sabe em qual dos filhos acreditar. ?São muito próximos. O E. não teria coragem de incriminar o irmão se ele não estivesse envolvido.
Maria tem mais três filhos: uma menina, de 14 anos, e dois meninos, de 17 e 12. A relação dela com o mais velho sempre foi difícil. Dudu fugiu de casa aos 10 anos e passou por instituições para menores. ?Não tem contato com o pai. Foi criado pelo meu marido desde os 6 anos. Ficou na rua até os 18 e a gente sempre lutando para ele voltar para casa?, afirmou a mãe.
Em 2004, Dudu foi condenado por roubo. Ficou dois anos preso e estava em regime semi-aberto, mas deixou de voltar para a prisão. Foi expulso de casa uma semana antes do assassinato de João, depois de agredir o padrasto, que não aceitava o comportamento do rapaz.
Nilson Nonato da Silva, pai de E., foi quem levou Dudu à delegacia. ?Minha casa está vazia, dentro de mim tem uma parte que está morta. Nossos filhos não são mais nossos. Estão nas mãos da Justiça.
Maria ainda teme o que vai acontecer. ?Se a Justiça fosse consertar meu filho, ele poderia ficar preso o resto da vida. Mas quanto mais tempo ficar ali, mais vai aprender coisas com pessoas ruins. Quando sair, vai ser pior do que entrou.