Para o procurador-geral da República não há necessidade de incluir o presidente Lula na relação das testemunhas que deverão ser ouvidas no processo de apuração das denúncias sobre o pagamento das mesadas a deputados federais da base. Fonteles não incluiu o nome do presidente na lista, ressaltando que a decisão foi descartada pela reiterada exclusão feita pelo denunciante, deputado Roberto Jefferson.
Esse entendimento não é partilhado pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, a quem seria bastante significativo ouvir também o depoimento de Luiz Inácio Lula da Silva sobre a questão. Afinal, algumas das conversas citadas por Jefferson ocorreram numa sala do Palácio do Planalto e delas o presidente bem pode ter ouvido alguma menção.
É trabalhando sobre essa base lógica que o presidente da OAB manifesta-se favorável à inclusão de Lula entre os que podem dar esclarecimentos importantes – talvez os que estejam faltando -, para desfazer as pesadas nuvens que continuam toldando o céu republicano.
Não há da parte de Roberto Busato a mínima intenção de levantar suspeitas sobre a pessoa do presidente Lula, e a seriedade da proposta pode ser encontrada em seu longo percurso profissional como advogado, agora eleito por seus colegas à presidência federal da OAB.
O raciocínio de Busato é simples e pragmático: se Lula é a mais alta autoridade do País, a amplitude das informações que a ele chegam todos os dias é compatível com a relevância da função, e à luz dessa interpretação, não será menoscabo à autoridade o fato de desejar colher-lhe o testemunho.
Depois de conversar com o bispo Geraldo Majella, presidente da CNBB, Busato repudiou quaisquer arreganhos golpistas de ocasião, atribuindo-os aos aproveitadores de sempre. Para o presidente da OAB, falar em golpe nesse momento é a sanha contumaz de conhecidos sapadores interessados em desviar o foco do principal, nesse caso a corrupção, para semear a intriga e o caos nas instituições. ?É uma falácia?, definiu.
