O impasse nas negociações entre a direção da General Motors (GM) e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos para se chegar a um acordo com relação ao aumento salarial gerou nesta terça-feira (19) uma paralisação de 24 horas na fábrica na cidade, no Vale do Paraíba.
De acordo com a entidade que representa os metalúrgicos, pelo menos 9 mil funcionários cruzaram os braços e pararam a produção dos veículos Corsa e S-10. Ainda segundo o sindicato, cerca de 900 veículos deixaram de ser produzidos, mas a assessoria de imprensa da GM não confirmou este número.
O protesto foi definido na manhã de hoje, durante uma assembléia realizada às 6 horas na portaria da fábrica. Inicialmente os metalúrgicos queriam 13,8% de aumento salarial, sendo que, deste porcentual, 10% refere-se a aumento real, e 3,8%, a reposição da inflação.
Segundo o Sindicato dos Fabricantes de Veículos Automotores (Sinfavea), que oferecia aos empregados das montadoras um reajuste de 4,3%, a GM também propôs o mesmo índice inicialmente. Depois baixou para 4,19% e um abono de R$ 650 para janeiro. Após cinco longas reuniões entre empresa e sindicalistas, que duraram em média 9 horas cada, o sindicato cedeu e propôs 7% de reajuste. A GM ofereceu 5,47% mais um abono de R$ 400.
"Já são quase 80 horas de reuniões. As cláusulas sociais estão melhorando, mas o que falta é o reajuste", disse o presidente do sindicato, Adilson dos Santos. Esta última oferta desencadeou o protesto de 24 horas iniciado na manhã de hoje. "Os trabalhadores rejeitaram a proposta da empresa e avaliam que ela tem condições de nos dar um aumento maior, até porque os lucros das montadoras são recordes", disse Santos.
Para o sindicato, o principal obstáculo enfrentado nas reuniões é um acordo fechado no ano passado entre a Centra Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical e o Sinfavea. Este acordo previa para 2006 a reposição da inflação e apenas 1,23% de aumento real, totalizando 4,19% de reajuste. "Isso jamais deveria ter ocorrido. Ninguém poderia prever quanto as empresas iam crescer, como ia se comportar o mercado. Não há justificativa para se aceitar esse acordo prévio", afirmou Santos.
Uma nova reunião foi marcada para amanhã (20). Por meio da assessoria de imprensa, o vice-presidente da GM do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, informou que a empresa está "absolutamente aberta às novas negociações e que a greve não é a solução para nenhum acordo".