O girassol, que nunca foi relevante na pauta agrícola brasileira, começa a ganhar força e a chamar a atenção do produtor rural. O repentino interesse tem um nome: biodiesel. Desde que usinas do novo combustível se mostraram interessadas em utilizar o óleo de girassol como matéria-prima, criou-se uma grande expectativa sobre o produto. No Paraná, a produção da oleaginosa ainda é uma das menores do País: cerca de 1,6 mil toneladas previstas para esta safra, para um total estimado de 120 mil toneladas em nível nacional, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
?O óleo de girassol se presta perfeitamente à produção de biodiesel. E seu resíduo (o farelo, conhecido como ?torta?) é rico em proteínas, que pode ser usado como ração animal. Ou seja, do girassol resultam dois produtos nobres, de fácil aceitação?, apontou o engenheiro agrônomo Richardson de Souza, coordenador do Programa de Biodiesel da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).
Muitas indústrias já acordaram para os benefícios do girassol, entre elas a Brasbiofuel, que anunciou na semana passada investimento de R$ 480 milhões – uma boa parte virá para o Paraná, onde serão construídas duas das quatro unidades da indústria de biodiesel. A previsão é que a Brasbiofuel utilize 1 bilhão de toneladas de matéria-prima por ano. Muitos produtores estão apostando na nova cultura; com isso, a safra brasileira de girassol deve aumentar 30% em relação ao ano passado.
?As empresas estão incentivando a produção de girassol, através da oferta de sementes, assistência técnica e contratos antecipados de compra da produção. A nossa preocupação está em orientar o agricultor sobre como, onde e quando plantar. É preciso respeitar as condições de clima, de solo, as variedades?, alertou Souza.
Segundo ele, o Paraná tem solo adequado para o cultivo de girassol, assim como condições climáticas favoráveis. Mas só esses fatores não são suficientes. De acordo com o engenheiro agrônomo, é preciso respeitar a rotação de culturas – intercalar o plantio de girassol com o de soja ou milho, por exemplo – para evitar a proliferação de doenças.
No Paraná, o girassol ocupa área de aproximadamente 1,5 mil hectares. Segundo Richardson Souza, mesmo que os produtores rurais tenham interesse em cultivar girassol e aumentar essa área, eles terão dificuldades. A primeira delas é em relação à falta de zoneamento agrícola para a cultura da oleaginosa, reconhecida pelo Ministério da Agricultura. ?O zoneamento é importante para saber onde e quando plantar para obter maior rendimento. Além disso o zoneamento é necessário para acessar créditos oficiais, obter financiamento?, explicou. Outra problema é a pouca oferta de defensivos agrícolas (herbicidas, fungicidas, inseticidas) registrados no Ministério da Agricultura.