Gestão educacional: mudanças e desafios (II)

Os alunos, que aqui podemos chamar de clientes, buscam hoje não apenas a qualidade de ensino, mas, também, padrões de organização, excelência no atendimento, facilidade de acesso às informações e estímulo à participação da comunidade na definição e consecução dos objetivos pedagógicos. Para fazer frente às novas exigências da clientela, as instituições passaram a se reestruturar adotando três estratégias: desenvolvimento da capacidade local de planejamento, aperfeiçoamento dos dirigentes e modernização da gestão.

Destaca-se, então, o papel do gestor educacional, a quem cabe interpretar as novas expectativas, confrontá-las com a realidade educacional da instituição e, por fim, elaborar e implementar as respostas que a comunidade escolar deverá assumir a partir de então.

O trabalho do gestor deve apoiar-se em três tipos de habilidades essenciais: técnica, humana e conceitual. Ou seja, o profissional de gestão educacional deve deter conhecimentos técnicos que o habilitem a utilizar-se adequadamente de métodos e técnicas para solução de questões pedagógicas ou administrativas próprias da rotina da instituição, como as relacionadas à coordenação pedagógica ou aos setores administrativos. Deve, também, possuir habilidade humana para interagir com as pessoas, entendendo-as como seres únicos com características específicas e que reagem de forma particular frente a diversas situações e compreendendo suas atitudes e comportamentos. Por fim, a habilidade conceitual que se relaciona à habilidade do gestor educacional para trabalhar com os aspectos mais complexos da instituição e estabelecer o ajuste necessário para que os membros da comunidade educacional possam nela conviver e atuar de forma produtiva, satisfatória e motivadora. Cabe, portanto, a este profissional, a responsabilidade de criar estratégias eficazes que possibilitem à instituição o alcance de seus objetivos. Isso pode soar como lugar comum, uma vez que esta é uma atribuição inerente à função do gestor. Porém, o planejamento e a consecução dessas estratégias, bem como a conduta que o gestor deverá adotar com relação aos demais membros da comunidade escolar no intuito de motivá-los a assumir as mudanças necessárias exigem dele muito mais do que os conhecimentos pedagógicos e administrativos que fazem parte de sua formação normal.

Daí a necessidade de se abordar com maior ênfase aquilo que se convencionou chamar de ?profissionalização? do gestor, ou seja, o reordenamento de sua capacidade gerencial em bases mais abrangentes, além da estritamente pedagógica, como o diagnóstico da instituição dentro e fora do âmbito educacional, que lhe irá permitir tomar medidas para modernizar os procedimentos administrativos, criar condições propícias para a auto-gestão, redefinir metas e objetivos condizentes com a nova realidade que se pretendem imprimir. Vale ressaltar: tudo isso tendo como pressuposto básico o seu contínuo aperfeiçoamento e o de seus colaboradores, em conformidade com os novos modelos gerenciais de ensino baseados na co-responsabilidade, autonomia e participação da comunidade educacional interna e externa.

No entanto, esta nova concepção de gestão enfatiza a ?profissionalização? ou, mais especificamente, a necessidade de aperfeiçoamento contínuo dos gestores sob a ótica da teoria administrativa, assumindo o compromisso de gerir a instituição a partir de ações que visem otimizar a aplicação de recursos, bem como a formação de equipes multifuncionais, avaliação da satisfação da clientela, análise do mercado e da concorrência, buscando, enfim, aplicar uma visão mercadológica, voltada a resultados, objetivo comum nas empresas tradicionais, mas pouco ou nunca aplicados à gestão de instituições de ensino.

Esta ?re-qualificação? se impõe na medida em que os padrões de gestão requeridos devem satisfazer às novas demandas da gestão participativa e autônoma e a urgência de atingir este propósito se justifica frente à rapidez com que as mudanças sociais ocorrem no cenário atual.

O gestor educacional que não acompanhar a velocidade destas mudanças e não fornecer a tempo as respostas requeridas está sujeito a ?perder o trem da história?, pois a escola contemporânea irá exigir de seus gestores a modernização dos processos administrativos, a reformulação de funções, o realinhamento das decisões e, o mais importante, a participação da comunidade educacional na decisão dos novos rumos a serem seguidos em direção ao futuro.

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