Geopolítica bolivariana

Desde 1999, ao assumir a presidência da Venezuela e desencadear a sua revolução bolivariana, o presidente Hugo Chávez já completou o período de um ano em viagens pelo mundo. Enquanto os governos centrais instruem a diplomacia a tratá-lo como figura caricata e de idéias burlescas, Chávez continua a lançar em países cuidadosamente escolhidos a semente da frente ideológica comum contra os Estados Unidos.

Na longa viagem que faz por esses dias – Rússia, Catar, Irã, Vietnã e Mali – os analistas internacionais afinal se convenceram de que além das costumeiras bravatas e discursos inflamados contra o presidente George W. Bush e sua intenção de ?invadir? a Venezuela, Chávez está levando aos países excluídos da geopolítica do Departamento de Estado norte-americano uma visão essencialmente pessoal da situação vivida pela América Latina.

A determinação se materializa nos principais itens da agenda do presidente venezuelano: fechar acordos na área de exploração de petróleo e gás natural, adquirir aviões, helicópteros e armamentos sofisticados para reforçar as defesas nacionais e, por fim, cabalar votos para a conquista de um assento não-permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Não é pouco o que deseja o presidente Hugo Chávez, bem mais que as manchetes da imprensa mundial, e sua incursão mais uma vez está fincada sobre as maiores reservas energéticas do continente americano e oitava do planeta. A diplomacia de Bush não viu com bons olhos as visitas a Moscou, onde Chávez confirmou a compra de equipamentos militares e aventou a hipótese da participação russa na construção do gigantesco gasoduto orçado em US$ 20 bilhões e até a licença para fabricar os temíveis rifles Kalashnikow na Venezuela.

E se agitou ainda mais com a visita a Teerã, pela plausibilidade de Chávez e Ahmadinejad terem trocado impressões passageiras sobre hipotético acordo bilateral nos domínios da tecnologia nuclear. O presidente Bush terá um final de semana de intensas preocupações, além da retaliação sangrenta entre Israel e o Hezbollah e a pira sacrifical da população civil libanesa.

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