O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, defendeu neste domingo (29) a definição de metas de crescimento para o País e a realização de uma reforma política no primeiro semestre do próximo governo. Genro disse que "acabou a Era Palocci no Brasil", numa referência à orientação do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho na política econômica. "Até posso te dizer que, no primeiro ano, ele prestou bom serviços. Mas, taxas baixas de crescimento, preocupação neurótica com a inflação, sem pensar em distribuição de renda e crescimento, isso terminou", avaliou o ministro, que votou há pouco na 36ª seção da 160ª zona eleitoral, em Porto Alegre.
Genro argumentou que a reforma política precisa ser feita no primeiro semestre, porque, depois, começa o fluxo de discussões para as próximas eleições municipais. Ele defendeu a reforma baseada em três pontos: fidelidade partidária, voto em lista e financiamento público de campanha. "É essencial, porque vai desobstruir o sistema político, que está bloqueado por deformações que são originárias por poderes regionalizados, partidos que não têm capilaridade nacional, que não apresentam base parlamentar sólida", avaliou.
Citou como exemplo o PMDB, onde metade vota com o governo e o restante contra. Como partido "centrista", disse que o PMDB pode jogar um papel importante no futuro, mas precisará ser "coesionado". "O PMDB pode jogar um papel de equilíbrio no próximo governo", projetou Genro.
Sobre o PSDB, afirmou que o partido é divido entre uma ala de direita, mais conservadora, que ele não quis personalizar, e outra mais democrática e centrista, na qual identificou o governador eleito de São Paulo, José Serra, e o governador reeleito de Minas Gerais, Aécio Neves. Ele disse considerar que a maior parte do PSDB vai apoiar a governabilidade. "A hegemonia no PSDB é de um partido democrático", declarou.
Genro votou acompanhado dos colegas de ministério Dilma Rousseff (Casa Civil) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário). Eles participaram de um café da manhã com o candidato ao governo gaúcho pela Frente Popular (PT-PCdoB), Olívio Dutra em um hotel da capital gaúcha.
Genro e Dilma embarcam às 16 horas (horário de Brasília) para São Paulo, onde acompanharão a apuração dos votos.