O ex-presidente do PT José Genoino disse, nesta terça-feira, que "não tinha relações diretas" com o empresário Marcos Valério. Genoino afirmou que o encontrava "eventualmente" na sede do partido quando o empresário estava com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. "Não tinha relação direta nem com ele (Marcos Valério) nem com as suas empresas. O que pode ser verificado com a quebra de sigilo telefônico", declarou Genoino.

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Genoino negou a existência do esquema de pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio político, o chamado "mensalão". "Participei de todas as negociações das principais polêmicas travadas no Congresso. Nunca ouvi, nunca conversei, nunca tratei com nenhum parlamentar de troca de apoio por dinheiro. Portanto não teve mensalão", declarou. Ele afirmou também que não participou de nenhuma reunião para discutir transferência de dinheiro ao PTB.

"Nunca discuti valor de transferência de recurso para a direção do PTB, nem, muito menos, mala de dinheiro para o PTB", disse. Roberto Jefferson afirma ter recebido R$ 4 milhões do PT.

Genoino disse que, enquanto estava na presidência do PT, soube da existência do empréstimo de R$ 2,4 milhões, contraído junto ao BMG, em que foi avalista, juntamente com Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério. Afirmou que soube também do empréstimo de R$ 3 milhões junto ao Banco Rural, em que também foi avalista.

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O ex-presidente disse que só teve conhecimento dos empréstimos não contabilizados de R$ 55 milhões de Marcos Valério ao PT quando o fato foi divulgado pela imprensa. "Nunca tive conhecimento de relação financeira de deputados, seja do PT ou de outros partidos, com relação à movimentação financeira não contabilizada", disse.

Segundo ele, Delúbio era o responsável por essas transações. "Ele (Delúbio) tinha a responsabilidade de planejar, arrecadar e pagar as despesas do partido", destacou. Genoino afirmou que sua tarefa no partido era fazer alianças políticas. O ex-presidente do PT ressaltou, no entanto, que sabia da dívida de R$ 20 milhões do Diretório Nacional e da dívida dos diretórios regionais. Ele disse que teve conhecimento dessa dívida quando o partido apresentou a prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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O ex-presidente do PT comentou ainda o episódio do ex-assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva, que foi preso quando tentava embarcar para Fortaleza com uma bolsa de R$ 200 mil e mais US$ 100 mil na cueca. Adalberto era assessor do irmão de Genoino, deputado estadual cearense José Nobre Guimarães (PT).

"O que pesou sobre minha pessoa é uma relação sanguínea. Eu sou irmão do Guimarães, ponto", afirmou. Ele disse que todos do partido se empenharam para uma investigação rápida. "Eu enviei um ofício à Polícia Federal solicitando rapidez", disse.

O presidente da CPMI, senador Amir Lando (PMDB-RO), afirmou, durante a reunião, que o depoimento de José Genoino não traria muitos fatos novos à investigação. "O depoimento já está como arcabouço desenhado: pouco vai acrescentar".