O presidente nacional do PT, José Genoino, afirmou que a abertura, não imediata, dos arquivos da Guerrilha do Araguaia no período militar, anunciada ontem pelo vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, após determinação do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, é uma decisão importante e elogiou a intenção do governo de não recorrer. A avaliação foi feita na manhã de hoje, em entrevista concedida à Rádio Eldorado.
"Essa agenda democrática tem que ser resolvida sem traumas, com muita responsabilidade e com muita firmeza. É um momento importante do nosso governo. Temos que buscar uma solução no leito dos princípios democráticos e dos direitos humanos", observou Genoino, lembrando que o Jornal da Tarde realizou a primeira grande reportagem sobre o Araguaia no início de 1979.
De acordo com o dirigente petista, é necessário dialogar com as Forças Armadas sem qualquer postura de julgamento.
"Não se trata de julgar ninguém. Trata-se de informar as famílias e dar conhecimento a história e a consolidação do processo democrático" , disse.
Pinochet
Sobre a declaração feita ontem pelo ex-presidente do Chile, o general Augusto Pinochet, de que o chileno teria recebido US$ 800 mil do Brasil em 1974, Genoino afirmou que o episódio não deve criar uma nova crise envolvendo as Forças Armadas.
Segundo o líder petista, os militares brasileiros tem hoje uma visão democrática e profissional predominante.
"Eu acho que houve evolução no pensamento militar, na postura dos comandantes das três forças e eu não vejo nenhuma possibilidade de crise na área militar", comentou, lembrando que em 1974, havia uma colaboração "muito estreita" entre as ditaduras militares que assolavam a América do Sul. "Esses fatos devem consolidar a consciência democrática de quem luta por um Brasil melhor e mais justo", complementou, salientando que não se pode ter medo da história.
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