O presidente nacional do PT, José Genoino, disse hoje que a discussão da reforma política será "prioridade" para 2005. "O funcionamento do sistema eleitoral brasileiro bateu no teto. É desorganizado, as eleições são realizadas num processo anárquico e, em muitos casos, decididas na Justiça, numa espécie de tribunalização da política", argumentou.

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Um exemplo da desorganização eleitoral do País, segundo Genoino, foi a eleição do novo presidente da Câmara de São Paulo Ricardo Tripoli (PSDB). "O sujeito é eleito por um partido, não é a escolha da base parlamentar, sai do partido, candidata-se (a presidente) e ainda é eleito. Isso desorganiza tudo", apontou.

A posição do PT será de acelerar o debate da reforma na reabertura dos trabalhos do Congresso, em fevereiro. "As novas regras deveriam valer já para a eleição de 2006", opinou.

As discussões no Legislativo deveriam transcorrer, na avaliação do presidente nacional do PT, baseadas na legislação resultante dos trabalhos da Comissão Especial de Reforma Política, analisando-se a proposta apresentada pelo deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO) e outro texto prestes a ser votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). "Ambos partem das mesmas premissas, como a fidelidade partidária e outros temas consensuais", alegou Genoino. "Se realizamos uma reforma do Judiciário, é o momento de fazer também uma reforma do Congresso e dos partidos." Ele afirmou entender que, para ser aprovada ainda em 2005, a mudança política deveria se orientar "em leis infra-constitucionais". "Se tentarmos essa reforma via emenda constitucional, teremos mais dificuldades e demora", observou.

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Ao admitir que o projeto é polêmico e enfrentará resistências políticas até mesmo na base aliada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em temas como a adoção de listas fechadas das siglas, cláusulas de barreira e financiamento público de campanhas, Genoino cobrou "maturidade dos partidos". "Esse é um assunto de partidos, de interesse dos partidos e essas coisas só passam quando há um certo grau de maturidade. Assim, também foi com o fim da imunidade parlamentar e o mesmo vai acontecer com a reforma política", estimou.