O presidente nacional do PT, José Genoino, disse hoje que não vê motivos para o PMDB deixar a base aliada do governo. Para o petista, o fato de o PMDB querer lançar candidato próprio para as eleições presidenciais de 2006 não justifica a decisão tomada ontem, em convenção realizada em Brasília. "O PT vai continuar a manter a política de alianças com os parlamentares do PMDB e do PPS que apóiam o governo Lula", afirmou, acrescentando que o PT continuará insistindo na tese de coalizão.

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As afirmações de Genoino foram feitas na tarde de hoje, após reunião da Executiva Nacional do PT, na Capital. Na entrevista coletiva, o petista baixou o tom em relação ao comentário que havia feito pela manhã, no site do partido na Internet, a respeito da saída do PMDB da base aliada. Na entrevista ao portal do partido, Genoino insinuou que o PSDB tinha influência na decisão dos peemedebistas. Já para os jornalistas, Genoino afirmou: "O PT não vai se intrometer em assuntos internos de outros partidos", disse, numa referência às decisões do PMDB e do PPS. Especificamente sobre o PMDB, comentou: "Não vamos nos intrometer no PMDB como fez o governo anterior."

Genoino evitou comentar os reflexos da saída do PMDB na reeleição do presidente Lula. Ele disse que quando se é governo, não se antecipa a agenda eleitoral: "Quando se está no governo, o tempo é outro. Quem está na oposição já pode, em 2005, discutir 2006. Mas nós temos é que discutir e trabalhar na agenda que prevê crescimento, emprego e renda."

O presidente nacional do PT disse também que é evidente, para o PT, desejar uma coalizão política permanente. "Respeitamos a postura democrática dos outros partidos, porém, não vamos esquentar a cabeça." E continuou: "Vamos tocar o governo sem estresse e sem nervosismo, porque temos muitas tarefas a cumprir", citando as medidas que deverão entrar em pauta no Congresso Nacional, tais como o aumento do salário mínimo, a revisão da tabela do imposto de renda e as reformas política e sindical, entre outros temas. Genoino evitou falar da nova composição de forças políticas no governo Lula, com a saída do PMDB e do PPS da base aliada. "Reforma ministerial é responsabilidade do presidente Lula e não do PT", disse.

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Ditadura

Genoino disse que é inaceitável queimar documentos dos arquivos secretos da ditadura, conforme denunciou ontem reportagem do "Fantástico", da Rede Globo. Ele cobrou maior controle e fiscalização do governo para que isso não volte a acontecer e frisou a importância do Brasil conhecer seu passado, "sem traumas".

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"É preciso olhar mais para o pára-brisa, mas jamais sem deixar de olhar também para o retrovisor", comparou Genoino.

"O governo acredita que é necessário para o Brasil encarar de forma madura as marcas da ditadura." E disse que nenhum governo tomou uma atitude democrática como essa, de permitir o acesso a essas informações.