General brasileiro assumirá comando no Haiti até o final do mês

Brasília – O general José Elito Carvalho Siqueira, designado novo comandante da Força Militar da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah) assumirá o cargo até o final do mês. A data não havia sido ainda fechada, mas a expectativa do governo brasileiro é a de que ele assuma o posto o quanto antes para estar inteirado das novas funções antes das eleições no Haiti, marcadas para o dia 7 de fevereiro. O general Elito, que chegou no fim de semana em Nova York, está cumprindo, desde hoje uma agenda de encontros com diversos chefes de departamento da ONU, tradicionais após a escolha para o cargo e que antecedem a assunção ao comando das tropas no Haiti. Ele deverá retornar ao Brasil na sexta-feira para "arrumar as malas" e seguir, em definitivo, para assumir o cargo no Haiti.

No sábado, o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, visitará a tropa brasileira em Porto Príncipe. Amanhã (19), o general Albuquerque, que também está em Nova York será recebido, às 12h30, com o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. O general Albuquerque agradecerá a confiança de Annan depositada no Brasil para permanecer à frente do comando da força de paz, depois da morte do general Urano Bacellar. Mas deverá aproveitar a oportunidade para falar das dificuldades que estão sendo enfrentadas pela missão e da necessidade de os projetos econômicos e sociais começarem a ser levados adiante, logo depois das eleições.

O general Albuquerque, que estava muito satisfeito com a confirmação do nome do general Elito e, conseqüentemente, com a manutenção do Brasil à frente da força de paz, explicou ao Grupo Estado por que defendia que o País continuasse neste comando. "Queremos mostrar ao mundo que somos capazes de cumprir esta missão e muito bem", afirmou o comandante, que está convencido que a morte do general Urano Bacellar não afetará a imagem da instituição. "O que ocorreu não afetou a instituição, que tem uma imagem preservada há séculos", disse ele, insistindo que este episódio "não nos abaterá", e que o Exército brasileiro "vai cumprir a missão até o fim".

Cumprir a missão até o fim significa completar o mandato de um ano que havia sido estabelecido para o general Bacellar, que previa que ele ficasse no cargo até agosto. Independente do prazo de Elito se manter no posto, no início do mês que vem, o Conselho de Segurança da ONU terá de se reunir para prorrogar a resolução que define a permanência da força de paz no País, que se esgota dia 15 de fevereiro. Não há dúvida de que as tropas estrangeiras serão mantidas no Haiti, dada a situação crítica que se encontra o país, agravada nos últimos dias com o confronto das tropas jordanianas e gangues de Porto Príncipe.

Prazo

Questionado sobre o prazo para o Brasil deixar o Haiti, o comandante observou que esta não é uma questão para ser discutida pelo Exército. "Esta é uma questão do governo brasileiro e da ONU. O tempo é da ONU e dos Ministérios das Relações Exteriores e da Defesa. De nossa parte, estaremos prontos em condições de cumprir o nosso dever", avisou ele, lembrando que os soldados brasileiros são muito bem preparados para este tipo de missão e que "nos orgulhamos de sermos chamados de soldados da paz". Segundo o general Albuquerque, "o mundo de hoje é globalizado e para participar dele, tem de mostrar trabalho". E acrescentou: "estamos trabalhando pela paz. Queremos que haja condições para se criar um estado de direito no Haiti, Queremos o Haiti inserido no contesto da democracia".

O general Albuquerque declarou também que "em momento algum" recebeu informações ou indícios de que o general Bacellar, encontrado morto, estivesse enfrentando problemas ou com depressão. "Nunca. Se tivesse chegado algo que colocasse em dúvida o equilíbrio emocional dele eu teria recomendado que se afastasse. Mas ele nunca deu demonstrações", assegurou. "Se você me perguntar se ele estava tenso? Certamente estava. Quem não fica tenso em uma missão de força de paz. Eu já estive em uma. É tudo muito complexo. Mas ele nunca deu demonstrações de que estava com problemas maiores", atestou Albuquerque, que fez questão de elogiar Bacellar: "Ele era um homem equilibrado, tranqüilo, digno, capaz, com todas as qualidades e condições para cumprir a missão e vinha fazendo isso muito bem".

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