O advogado e ex-policial federal Gedimar Passos se negou a revelar à CPI das Sanguessugas, em depoimento nesta terça-feira (28), quem o orientou a receber o dinheiro no hotel Ibis em São Paulo para a compra do dossiê Vedoin. Gedimar admitiu que foi orientado por alguém a se hospedar no hotel, em frente ao aeroporto de Congonhas, e receber duas sacolas de "um tal de André". Questionado pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) sobre quem teria dado essas orientações, Gedimar respondeu: "Eu já estou com a corda no pescoço e não posso agora puxar a corda.
Em 15 de setembro, ele e o petista Valdebran Padilha foram presos com parte do R$ 1,75 milhão que seria usado na compra do dossiê. Diante da negativa, Gabeira disse estar seguro de que todo o esquema foi "uma operação de inteligência", que deveria ter sido abortada no momento em que desse errado. Assim, concluiu, toda a culpa recairia sobre quem fosse preso – no caso Gedimar Passos e o ex-coordenador de Comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo paulista, Hamilton Lacerda.
Gabeira disse considerar o depoimento "bastante inverossímil". Segundo o deputado, o ponto de maior descrédito é o fato de Gedimar ter aceitado as sacolas sem saber que continham o dinheiro para o pagamento do dossiê contra candidatos do PSDB. "Ele era professor de delegado, não podia ser tão distraído", acusou, em relação aos cursos que Gedimar prestava a delegados da Polícia Federal.
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), vice-presidente da CPI, afirmou que o depoimento de Gedimar demonstra que ele está ameaçado. "Ele faz parte de uma quadrilha mafiosa, que tentou fraudar a vontade popular com a compra de um dossiê falso", comentou. "Quando alguém diz que está com ‘a corda no pescoço’ demonstra claramente que está com medo. Mas medo de quê? De perder a vida, de que aconteça algo com seus familiares?" As informações são da Agência Câmara.