A 20 dias de seu término, a CPI das Sanguessugas interroga nesta terça-feira (28) dois importantes personagens do escândalo do dossiê contra políticos tucanos: Gedimar Passos, que foi preso pela Polícia Federal com R$ 1,5 milhão que seria usado para a compra dos documentos, e Hamilton Lacerda, ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e conhecido como o "homem da mala". Nas duas últimas semanas, CPI já ouviu os depoimentos de Valdebran Padilha – que foi preso junto com Gedimar -, Jorge Lorenzetti, Expedito Veloso e Osvaldo Bargas. Todos eles estão envolvidos no escândalo.
Valdebran e Gedimar foram presos pela Polícia Federal na madrugada do dia 15 de setembro, no hotel Íbis, em São Paulo. Segundo investigações da Polícia Federal, o dinheiro teria sido levado ao hotel por Hamilton Lacerda, que foi coordenador de comunicação da campanha de Mercadante ao governo de São Paulo. Ele teria articulado a publicação de reportagem da revista "IstoÉ" contra o ex-ministro da Saúde e governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), sobre o suposto envolvimento do tucano no esquema da máfia das sanguessugas. Em depoimento à Polícia Federal, Hamilton afirmou que carregava nas malas boletos de arrecadação para a campanha do petista.
A situação de Hamilton Lacerda ficou, no entanto, mais delicada depois de cruzamento feito pela CPI entre telefonemas dados pelos "aloprados" e imagens no hotel Íbis. Seis horas antes de Gedimar e Valdebran serem presos, o ex-assessor de Mercadante entrou no hotel com uma pasta marrom e duas sacolas. E depois de encontrar-se no saguão com Gedimar e subir no elevador, Hamilton telefonou para Jorge Lorenzetti, churrasqueiro de Lula e ex-integrante da campanha presidencial e apontado pela Polícia Federal como responsável pela operação de compra do dossiê contra tucanos.
Hamilton Lacerda ligou para Lorenzetti à meia noite e 33 minutos do dia 15. Falou com ele durante um minuto e oito segundos. Pelas imagens das câmeras internas do hotel, à meia noite e 14 minutos, Hamilton entrou no elevador com Gedimar. Os dois subiram com uma pasta marrom e duas sacolas. A Polícia Federal suspeita que R$ 780 mil, em reais e em dólares, estavam dentro dessas sacolas. No dia 13, Hamilton teria levado R$ 1 milhão ao hotel, de acordo com as investigações da PF. Na ocasião, o ex-assessor de Mercadante também telefonou para Lorenzetti um minuto depois de deixar o hotel Íbis.