Rio – O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), recuou 2,1% em fevereiro, depois de dois meses em expansão. Para a FGV, trata-se de uma "acomodação do crescimento", que pode ter um motivo sazonal, já que o otimismo é tradicionalmente maior no início do ano. O indicador passou de 110,5 para 108,2 pontos.
"A confiança avançou bem em dezembro e em janeiro, agora parece que deu uma acomodada. Parece seguir o ritmo da recuperação lenta da economia", comentou o coordenador da pesquisa, Aloisio Campelo Jr. Ele acredita que caso não ocorra algum imprevisto, como um reaquecimento da crise política, a confiança deverá continuar a avançando lentamente.
Ele indica que o recuo em fevereiro não pode ser interpretado como uma tendência. E sustenta que ao longo do ano passado a confiança do consumidor foi deteriorando em paralelo ao avanço das turbulências políticas. Campelo Jr explicou que o indicador de fevereiro ainda está acima das taxas de outubro a dezembro. O ICC começou a ser calculado no último trimestre do ano passado.
Os dois índices que compõem o ICC também recuaram. O Índice da Situação Atual caiu 3,3%, para 106,1 pontos, e o Índice de Expectativas baixou 1,4%, para 109,4 pontos. A maior deterioração detectada na pesquisa foi no quesito sobre a situação financeira atual da família, cujo índice encolheu 4,9% de janeiro para fevereiro.
Segundo o economista do Ipea Estêvão Kopschitz este resultado pode estar influenciado pelo acúmulo de gastos que se concentram no início do ano, como matrículas escolares, compra de material didático, IPTU, IPVA e anuidades pagas por profissionais liberais. Ele pondera, contudo, que o índice de confiança é muito recente, o que dificulta a análise dos resultados.
Os dados da sondagem mostram que a parcela dos entrevistados que considerava a situação familiar boa caiu de 22,7% para 18,7%. Já o grupo que considera a situação ruim foi de 16,3% para 17,5%. Também encolheu a parcela que dizia estar poupando (de 16,9% para 14,9%) e ficou praticamente estável a que estava se endividando (de 24,9% para 24,6%).
Juros
Os números indicam que o consumidor entrou o ano cauteloso, tentando ajustar suas contas, diz Campelo Jr. As expectativas de compra de bens de consumo duráveis nos próximos seis meses caíram 2,7%. De forma geral, as expectativas das classes de renda mais alta ficaram praticamente estáveis. O recuo nessa expectativa foi maior entre as pessoas com menor renda.
A sondagem mostra, ainda, que o consumidor parece confiante na redução dos juros. A parcela das pessoas entrevistadas que aposta em queda da taxa Selic foi de 31,3% para 33,5%, enquanto o grupo que previa que os juros subiriam recuou de 22,6% para 19 6%. "Nos últimos meses, parece ter ficado claro que os juros vão cair, na avaliação dos consumidores", disse Campelo Jr.