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  Arquivo / O Estado

O encarecimento do álcool pode fazer
com que o preço da gasolina fique
pelo menos 1% mais caro em 2006.

Rio – Mesmo que a Petrobras passe 2006 sem aumentar o preço da gasolina, o combustível poderá ficar mais caro por causa da elevação do preço do álcool, que é adicionado ao produto. A avaliação foi feita pelo especialista em inflação Carlos Thadeu Freitas Filho, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre dezembro e janeiro, o álcool deverá encarecer de 8% a 10%.

Freitas Filho projeta que o encarecimento do álcool combustível fará com que o preço da gasolina fique pelo menos 1% mais caro em 2006. Na prática, isso reflete a influência das cotações da cana-de-açúcar e o aumento pela demanda do produto, uma vez que cresce a parcela dos automóveis bicombustíveis na frota. "Já entraremos o ano com aumento no álcool", comentou.

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O impacto na gasolina pode ser ainda maior. A estimativa do economista leva em conta que os revendedores repassam parcialmente o preço do álcool apenas sobre a gasolina, reduzindo as margens. Caso contrário, o encarecimento da gasolina poderia ficar entre 2% e 3% ao longo do ano.

Na prática, Freitas Filho explica que as cotações externas da gasolina estão estáveis e o câmbio favorável, o que não deverá levar a Petrobras a adotar aumentos. Ele afirma que, de forma geral, o mercado trabalha com projeções do barril de petróleo no mesmo nível atual, ao redor dos US$ 55. Além disso, os preços internos do produtos estão relativamente elevados, afirma.

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O economista diz que, excetuando-se o efeito indireto do preço do álcool, a tendência não é de aumento de preços da gasolina. Ele também diz que, mantidas as condições atuais, haveria espaço até para pequena queda. O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, declarou ao jornal "O Globo", que a gasolina não subirá em 2006. Procurada, a Petrobras não comentou as declarações.

"Ele (o ministro) vai acabar acertando que não sobe, não por causa da auto-suficiência, mas porque as cotações estão muito equilibradas e os preços internos até mais altos do que os externos", comentou o economista. "Mas, se o cenário mudar, serão inevitáveis novos aumentos", reconhece o economista.

A avaliação é que a Petrobras manterá a política de "acompanhar no médio prazo os preços internacionais", conforme nota da estatal, divulgada em meados do mês. "Acho pouco provável a Petrobras deixar de acompanhar os preços internacionais. Continuar assim é importante no longo prazo, para ter um política explícita e manter os investimentos no setor."

Em recente artigo publicado no "Estado", sobre o assunto o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (Cbie), Adriano Pires, alertou sobre o risco de a auto-suficiência em petróleo ser usada como justificativa para "práticas populistas" na política de preços. "O risco da adoção desse tipo de política aumenta à medida que haverá eleição presidencial no Brasil em 2006", registra o diretor do centro.