Gasolina deveria subir 30%, diz presidente da ANP

O preço da gasolina teria de subir 30% para acompanhar a alta da cotação do petróleo no mercado internacional, disse hoje (27) o presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima. No caso do diesel, a diferença estaria em 20%. Ele, porém, descartou um aumento no preço desses produtos.

"Penso que está descartado (o aumento)", disse. "Isso é uma coisa que o nosso povo reprovaria liminarmente." Lima observou que, além de ser uma medida "antipopular para um governo popular", o repasse integral da alta internacional do petróleo não seria condizente com o poder aquisitivo da população e traria impactos sobre a inflação.

Os atuais preços fixados pela Petrobras para os derivados de petróleo foram calculados em novembro, com o barril na casa dos US$ 40. Agora, o barril custa perto de US$ 60. No entanto, não é praxe repassar de imediato aos preços internos as variações do preço internacional do petróleo. A Petrobras possui um "colchão" que permite absorver as oscilações. Os preços internos só mudam quando a estatal avalia que o preço do petróleo realmente mudou de faixa.

No entanto, pequenas refinarias como a de Manguinhos (RJ), da Repsol, e a Ipiranga, enfrentam dificuldades para se manter em funcionamento porque não possuem o mesmo fôlego da Petrobras para sustentar a diferença entre o preço internacional e os preços internos. Para mantê-las na competição, seria necessário que Petrobras elevasse os preços internos. O presidente da ANP admitiu que essa é uma hipótese, mas logo indicou que ela não será adotada. "Isso seria uma coisa chocante para o Brasil", disse.

"A hipótese de nivelar o preço em nível internacional significa uma elevação substancial que o povo brasileiro não vai aprovar." A refinaria de Manguinhos (RJ) está prestes a paralisar suas atividades, em razão da alta do preço do petróleo no mercado internacional. Ela compra petróleo de fora do País e não consegue manter preços competitivos de seus derivados com a Petrobras no mercado interno.

A Repsol, que controla Manguinhos, e os petroleiros chegaram a pedir a utilização da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para aproximar o preço dos seus derivados dos preços cobrados pela Petrobras. A Cide é um tributo que vem embutido no preço da gasolina e, pela lei, deve ser aplicada na recuperação de rodovias e em projetos ambientais. A proposta é de que parte dos recursos da Cide fosse utilizada para fazer um "colchão" para as refinarias. Também está sendo estudada pelo governo a possibilidade de a Petrobras arrendar as instalações de Manguinhos.

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