O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o acordo firmado com o presidente boliviano, Evo Morales, é de que o gás natural da Bolívia seja vendido para o Brasil de acordo com a cotação internacional. Em discurso esta manhã, no Palácio do Planalto, após assinatura de atos entre os dois países, Lula disse que a negociação em torno do aumento do preço do gás foi muito difícil e exigiu muita paciência e sobretudo "muita inteligência". O porcentual do reajuste não foi anunciado.

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"Isso fará justiça ao gás boliviano e atenderá ao pleito do governo Evo Morales", afirmou o presidente brasileiro. Lula informou que até o dia 15 de abril será definido um "preço justo" para o gás usado pela termelétrica de Cuiabá. Ele disse também que novos contratos de operação entrarão em vigor nos próximos dias.

No discurso, Lula ressaltou a importância do gás como "carro-chefe" para integração econômica. Ele disse que o acordo é uma parceria estratégica e ressaltou que não houve condicionantes, e ameaças de rupturas no relacionamento dos dois países". "A Bolívia e o Brasil desenvolvem um modelo de desenvolvimento e justiça social. Tem um relacionamento tão intenso, e nem sempre nossos pontos de vista coincidem. Mas temos um grande potencial de iniciativas comuns que podem ser ampliadas", afirmou o presidente.

Lula se antecipou às possíveis críticas ao reajuste do gás boliviano e disse que o Basil tem de ser "generoso" nos acordos bilaterais com países da América do Sul. "Não somos os imperialistas que alguns dizem que somos. Não somos hegemônicos como alguns querem que sejamos", afirmou.

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Diante de Evo Morales, Lula disse que o Brasil, por ser um país com economia mais importante e mais desenvolvido no continente, não tem que disputar espaço "com países irmãos". "Temos sim que prestar solidariedade, estabelecer parcerias".

Lula pediu a Evo que não esquecesse que antes de ambos chegarem às presidências dos dois países, eles eram companheiros sindicalistas. Lula, porém, advertiu Morales que o governo brasileiro nem sempre poderá atender todas as reivindicações. "Reconheço de público a ‘justeza’ de todos os pleitos bolivianos para melhorar a vida de seu povo. Mas nem sempre poderei atender todas as demandas",afirmou. "Precisamos agir como chefes de Estado", ressaltou.

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Ele ressaltou que estará mais quatro anos na presidência do Brasil "e com total disposição para fazer com que nossa relação possa avançar mais". Lula ainda convidou Morales para visitar uma usina de biodiesel no Brasil, experiência que, segundo ele, poderá ser uma solução econômica na Bolívia.