No mesmo dia em que o presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), Rodrigo Collaço, comemorou em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio, o suposto recuo do ex-governador e secretário de Governo e Coordenação do Estado, Anthony Garotinho (PMDB), nos ataques à juíza Denise Appolinária, da 76.ª Zona Eleitoral da cidade, que determinara a inelegibilidade dele por três anos sob acusação de crime eleitoral, o marido da governadora Rosinha Garotinho (PMDB), também atingida pela medida, voltou a acusar a magistrada de ligação com o PT, partido ao qual ele faz oposição.

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Anthony Garotinho afirmou que Denise usou na sentença "palavras duras e expressões que são muito mais eleitorais do que políticas". "Quanto à simpatia que ela nutre pelo PT, os jornais de Campos publicaram, três dias antes da sentença, que ela estava num trio elétrico com um militante histórico do PT", disse, em entrevista à Rádio CBN.

"Na questão do terrorismo, talvez, eu tenha me excedido (ele afirmara, ao saber da decisão, que a sentença era um ato de terrorismo). Eu não sou perfeito, sou um ser humano", justificou acrescentando que não fez "ataque pessoal, não disse que ela era desonesta".

Collaço, que ontem (17) distribuíra uma nota informando que processaria, judicialmente, Anthony Garotinho por causa dos ataques à juíza, explicou em Campos dos Goytacazes a mudança de atitude. "Temos um sentimento de vitória porque somente com a nossa pronta reação provocamos o recuo daqueles que se julgavam acima da lei. Que julgavam que poderiam voltar a um tempo já vivido no Brasil", declarou o presidente da AMB, que disse se referir à época em que os coronéis tinham força política no País. A justificativa foi a de que o clima inicial de críticas tinha sido dissipado. Collaço ressalvou, porém, que novas manifestações poderiam, eventualmente, ser alvo de ações.

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Ele participou, na cidade, de um ato em desagravo a Denise. A juíza não comentou as críticas e disse que saiu fortalecida. "A solidariedade dá força. A sociedade e a democracia saíram vencedores." O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio negou hoje um pedido de liminar de efeito suspensivo contra a sentença de Denise que cassou o prefeito de Campos, Carlos Alberto Campista (PDT).

Anthony Garotinho disse ainda que as questões referentes ao cadastramento no programa Cheque-Cidadão – segundo Denise, houve um grande crescimento no número de inscritos às vésperas das últimas eleições – devem ser respondidas pela Secretaria de Ação Social do Estado. Ele afirmou que recorrerá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), caso o TRE não reforme a decisão da juíza, e que, até que o caso seja julgado por uma instância superior, está "perfeitamente elegível a qualquer cargo".

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Anthony Garotinho afirmou considerar ainda que é preciso ser "menos emocional e mais racional" e condenou o que chamou de tentativa de condená-lo apressadamente.

O secretário de Governo e Coordenação do Estado criticou a imprensa. "Jornalista não é juiz e jornal não é tribunal", afirmou. "Isso faz parte de uma campanha de meus adversários políticos, que temem a minha candidatura à Presidência da República e que até hoje não se conformaram com a vitória da governadora Rosinha no primeiro turno das eleições. Eles travam uma batalha política e contam com a simpatia de determinados setores da oposição e da opinião pública." (Colaborou Roberta Pennafort)