Depois de ter sido hostil com jornalistas, o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, negou nesta segunda-feira (27) que esteja nos planos do governo qualquer medida para controlar a imprensa ou encontrar formas de diminuir o poder da mídia. Apesar de ser um dos petistas que mais teve confrontos com jornalistas nos últimos tempos, Garcia afirmou que o seu partido é "extremamente respeitoso com as liberdades democráticas".
"A imprensa funciona normalmente no Brasil, tem liberdade absoluta. Tanto é assim que estudos feitos por observatórios de imprensa revelam que ela foi de um severidade extraordinária em relação ao candidato que resultou reeleito e isso não nos fez ter nenhuma atitude", afirmou o presidente do PT. "Até porque não faz parte do nosso DNA político, quero deixar claro".
Garcia reafirmou que não há disposição nenhum do governo em tentar cercear o trabalho dos jornalistas, apesar de membros do seu partido e da base aliada já terem repetido que o governo deveria "democratizar" a imprensa. Um dos planos é incentivar "mídias alternativas e independentes", inclusive com financiamento estatal, para se contrapor à imprensa tradicional. Um estudo do governo analisa, inclusive, levar para Casa Civil uma "Secretaria de Democratização da Informação" que, entre outras coisas, analisaria as concessões de rádio e tevê.
"Quem tem maus hábitos em relação à imprensa não somos nós, são outros que ainda nesta segunda-feira sobrevivem no sistema político brasileiro. Não é o nosso caso. Não há nenhuma disposição desse tipo", afirmou, com ressalvas: "Isso não impede que em determinados momentos algum dirigente, o próprio presidente, eu mesmo, expressemos o nosso desconforto com determinadas afirmações, edições". Foi justamente de Garcia um dos mais recentes confrontos entre petistas e a imprensa, em que acusou repórteres de virem com "teses prontas" das redações e tentarem impor temas ao PT.
O presidente interino do PT aproveitou para reclamar que o próprio PT é "cerceado" pela imprensa quando emite opiniões que não agradam a setores da mídia. "Não queremos admitir que a nossa liberdade de expressão – nós políticos, nós membros do governo – seja cerceada por ninguém. Menos ainda ser cerceada se cada vez que você expressa uma opinião diferente de um lado da imprensa: dizem que estão querendo cercear a liberdade de imprensa. Não há elemento concreto a esse respeito", disse. "O desconforto individual com a imprensa seguramente é bem menor do que o desconforto de certos jornalistas com o governo. No mínimo estamos empatados".