Em discurso durante jantar para arrecadar fundos para o PT do Rio, o coordenador nacional da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia chamou de "derrota parcial" a necessidade do segundo turno na disputa presidencial. Segundo o petista, o episódio fez o partido optar por mudanças na campanha.
"Sofremos uma derrota parcial por não termos vencido no primeiro turno. No dia 2 de outubro, nos reunimos e decidimos por uma campanha que desse máxima nitidez política às nossas propostas de uma campanha de esquerda", contou o coordenador para uma platéia de cerca de 200 militantes, que pagaram R$ 500 pelo rodízio em uma churrascaria de luxo. "O segundo governo será muito superior ao primeiro. Esse País não merece a ditadura que tivemos, a desordem econômica dos anos 80, não merece o ciclo neoliberal", afirmou Marco Aurélio.
Ao chegar à churrascaria, dando como certa a vitória nas urnas, Marco Aurélio disse em entrevista que a reforma política será o primeiro grande tema a que o presidente Lula vai se dedicar depois da eleição do dia 29. O coordenador defendeu um diálogo do governo com a oposição, mas insistiu que não há intenção de cooptar os adversários. "Não queremos cooptar a oposição, longe disso. Para nós é muito importante que exista oposição aguerrida combativa e leal, evidentemente. No entanto, é preciso que ela entenda que temas da reforma eleitoral não vão interessar ao governo Lula, mas a gerações." Algumas mudanças centrais da reforma política, que deverá entrar em discussão no Congresso no ano que vem, são o fim da reeleição, o financiamento público de campanha e o voto distrital.
Marco Aurélio, que assumiu interinamente a presidência do PT e a coordenação da campanha no lugar do deputado Ricardo Berzoini, suspeito de envolvimento no caso da compra do dossiê contra os tucanos, disse que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, está tentando "acuar" o presidente Lula quando aborda o assunto nos debates. "O Alckmin tem tentado acuar, mas não conseguiu", disse.
O presidente do PT do Rio, Alberto Cantalice, disse que o jantar tinha a finalidade de "arrumar dinheiro, porque o partido tem muita dívida". O dirigente petista, no entanto, afirmou não serem dívidas de campanha, mas de gastos correntes do diretório regional. O jantar teve entre os presentes a economista Maria da Conceição Tavares e a ex-governadora Benedita da Silva.