A realidade atual do mundo ainda não conseguiu superar uma das insidiosas barreiras entre seres humanos iguais, infelizmente separados por diferenças de ordem socioeconômica: a exclusão. Esse fenômeno obedece a uma lógica perversa de abrangência global, predominando sobre extensas camadas da população condenadas à pobreza mais vil.
Grandes contingentes que tiveram a desventura de nascer em países subdesenvolvidos, destinados à vala comum altamente discriminatória do chamado Terceiro Mundo, são considerados plenamente descartáveis pelos planos mirabolantes simulados por teóricos contratados a preço de ouro por renomadas universidades e fundações, sempre que é necessário impor ao pensamento corrente e, por conseguinte, à mídia mundial, algumas pitadas de otimismo quanto ao futuro.
Malgrado as muitas tentativas de perenizar o status quo, numa abertura que aos poucos delineia as formas de uma nova tendência da geopolítica contemporânea, o famigerado neocolonialismo, mediante o qual os países ricos retardam o desenvolvimento dos mais pobres, está perdendo o fôlego.
Um dos vislumbres dessa realidade é a recomposição gradativa da estrutura mundial de preços, até poucos anos sempre direcionada ao favorecimento das potências colocadas no topo da economia. Atualmente, as economias centrais apresentam demandas cada vez mais intensas de commodities produzidas de modo abundante em outras regiões, não raro nos países emergentes, não mais interferindo de maneira negativa sobre a fixação das cotações internacionais.
Assim sendo, as economias emergentes estão sendo estimuladas a aumentar as áreas de cultivo, tendo em vista a grande procura por produtos primários. Fenecem em boa hora as assimetrias entre países produtores de commodities agrícolas e países compradores, sobretudo, os que detêm os maiores índices da produção de manufaturados e, por isso, sempre dispostos a ditar as regras do jogo das trocas internacionais.
Ninguém mais duvida da pujança econômica do bloco emergente agrupado sob a sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), que puxam a fila também integrada pelo México, Chile, Argentina, Austrália, Nova Zelândia, Coréia do Sul, Taiwan e tantos outros. As oportunidades de fechar bons negócios tornam-se evidentes, embora o mercado interno deva constituir o item prioritário dos planejadores públicos e privados. Os ganhos devem ser partilhados por todos.