A Justiça Eleitoral, exercendo uma de suas prerrogativas constitucionais, às quais a sociedade exige fidelidade irreprochável, considerou irregulares as prestações de contas das campanhas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais seis governadores estaduais: José Serra (SP), Jaques Wagner (BA), Ana Júlia Carepa (PA), Wellington Dias (PI), Blairo Maggi (MT) e Cássio Cunha Lima (PB). Sem falar nas dezenas de parlamentares federais e estaduais.
A maioria das irregularidades, segundo técnicos da Justiça Eleitoral, foi detectada nas doações feitas por empresas relacionadas de alguma forma com a prestação de serviços públicos, o que é vedado pela legislação. Por óbvio, desvio que não poderia passar sem um severo pedido de explicações.
Advogados e coordenadores das campanhas estão encaminhando as explanações requeridas pelos tribunais, mas de uma coisa não poderão se livrar, o direito à desconfiança por parte da sociedade.
Não é de hoje que se duvida da veracidade das prestações de contas de campanhas políticas, mas como não havia determinação em dissecá-las como se faz hoje, todos voavam em céu de brigadeiro. Bastou apertar um pouco as cravelhas e as irregularidades saltaram à vista.
Promover o escrutínio minucioso das despesas eleitorais, mostrando à sociedade como foram realizadas e quais foram suas fontes de recursos, é agir com a transparência e o respeito devidos ao eleitor. O rigor da Justiça Eleitoral com os gastos de campanha é para ser considerado um ganho cívico permanente.