O lucro líquido dos quatro maiores bancos do País – Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Unibanco – somou R$ 11,2 bilhões entre janeiro e setembro, segundo dados da Austin Rating. O resultado é 1,1% inferior ao de igual período de 2005, quando essas instituições apuraram ganho de R$ 11,3 bilhões. Com isso, o retorno médio sobre o patrimônio líquido recuou de 25,4% para 20 3%. Mas a queda registrada no período está longe de ser um indicativo de deterioração dos resultados do setor financeiro.

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Por causa da exuberância dos lucros nos últimos trimestres, os bancos puderam fazer amortizações integrais de ágios provenientes de aquisições realizadas no passado, afirmou o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. Com isso, diz ele, as instituições limpam seus balanços e não têm de ficar explicando todos os trimestres o motivo da redução dos lucros. Conforme a legislação, a amortização de ágios pode ser feita num período de dez anos e pode ser abatida do Imposto de Renda, obedecendo alguns limites estabelecidos.

O Itaú foi o primeiro banco a anunciar a amortização integral do ágio pela aquisição do BankBoston. A operação reduziu em 20,8% o lucro da instituição em relação a igual período do ano passado, para R$ 3 bilhões. Sem o efeito da operação, o ganho atingiu a invejável cifra de R$ 4,8 bilhões

O mesmo ocorreu no Bradesco, que amortizou aquisições, como a da American Express (Amex) e do Banco do Estado do Ceará (BEC). Neste caso, o lucro caiu para R$ 3,35 bilhões – valor 17,27% inferior a igual período de 2005. Desconsiderando as amortizações, o lucro do banco ultrapassou R$ 5 bilhões.

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No Unibanco, a decisão foi reduzir o tempo de amortização de 10 anos para 5 anos. Fator que também contribuiu para diminuir o ganho no ano, para R$ 1,1 bilhão, 12% menor que o de 2005. "Quando uma instituição decide amortizar valores elevados, as outras seguem o mesmo caminho para não criar disparidade nas comparações", afirmou o vice-presidente do Unibanco, Geraldo Travaglia, na divulgação do balanço, semana passada. "Embora reduza o lucro agora, a amortização integral dá mais transparência ao banco e abre espaço para resultados melhores", diz Rodrigues.

Segundo ele, mais uma vez os lucros foram influenciados pelo excelente desempenho da carteira de crédito. De janeiro a setembro, o total de crédito dos quatro bancos aumentou 27,2%. Por causa disso, as instituições também foram obrigadas a elevar as provisões para devedores duvidosos em 77,5%.

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