Gabrielli nega que tenha negociado mal com a Bolívia

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou, em entrevista às páginas amarelas da revista "Veja", que a estatal não negociou mal com a Bolívia a venda das duas refinarias que possuía naquele país. "Não negociamos mal. Esta visão é um equívoco. É preciso entender que a situação jurídica dessa relação da Petrobras com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) é muito antiga e isso lhe confere uma complexidade muito grande", disse.

No fim de semana passado, decreto assinado pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, concedeu o monopólio sobre a exportação e a comercialização de petróleo à estatal YPFB e levou a Petrobras a tomar a decisão de vender 100% de suas refinarias – uma em Cochabamba e outra em Santa Cruz de la Sierra. Os bolivianos, inicialmente, desejavam pagar entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões pelos ativos e a venda foi fechada por US$ 112 milhões – ainda assim um valor considerado baixo pelo mercado, que estimava um preço próximo a US$ 200 milhões.

Gabrielli lembrou que o primeiro acordo com os bolivianos é de 11 anos atrás e de lá para cá muita coisa mudou. A Bolívia viveu um processo de privatização profundo e o Brasil também passou por novidades, com o a flexibilização do mercado de combustíveis. "Portanto, não se trata de escolher uma decisão mais ou menos dura. Temos na mesa aspectos técnicos e jurídicos complicadíssimos", afirmou ressaltando que foi um "ótimo negócio". "Uma empresa vale pela sua projeção de caixa futuro. Pelo faturamento estimado. Por esse prisma, foi ótimo. O gás que trazemos da Bolívia é o que importa mais.

Petroquímica

O executivo afirmou também que a recente compra do Ipiranga pela Petrobras, em associação com o Grupo Ultra e a Braskem, indica que a estatal quer aumentar sua participação na petroquímica. Ele destacou, ainda, a construção de um pólo petroquímico "o maior do empreendimento industrial do Brasil, com investimentos de US$ 8,3 bilhões.

"Não porque queiramos aumentar a presença do Estado em coisa nenhuma. A razão é estratégica. Quando o mundo estiver vivendo uma nova era, movida a outro tipo de combustível, como o etanol, ainda haverá petróleo por aqui. O petróleo sobreviverá à era do petróleo, mas isso vai se dar principalmente através do plástico e dos produtos petroquímicos. Nossa visão é de longo prazo.

Etanol

Gabrielli também destacou que o etanol é uma excelente perspectiva para o Brasil e a empresa "tem investido muito nisso". De 2007 a 2011, o gasto programado pela estatal com pesquisa e desenvolvimento é de US$ 435 milhões. "Temos pesquisa nessa área, inclusive no desenvolvimento da lignocelulose, que é álcool a partir da celulose, um componente que vai aumentar tremendamente a produtividade do etanol.

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