Gabeira ameaça Severino e abre polêmica na Câmara

Brasília (AE) – A ameaça do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) de iniciar um movimento pela destituição de Severino Cavalcanti (PP-PE) da presidência da Câmara, em função de suas posições sobre as CPIs, provocou a reação dos colegas do baixo clero que sempre apoiaram o polêmico parlamentar, num verdadeiro espetáculo de baixaria.

De um lado, Gabeira acusou Severino de defender empresas que mantêm trabalho escravo e de se comportar de "maneira indigna" no cargo de presidente da Câmara. De outro, os aliados do presidente da Câmara sugeriram que Gabeira estava falando sob efeito das drogas.

"Vossa Excelência está se comportando de maneira indigna. Estou apresentando essa reclamação porque ainda não posso representar contra Vossa Excelência no Conselho de Ética, uma vez que sou um deputado isolado. Mas afirmo que Vossa Excelência está em contradição com o Brasil. A sua presença na Presidência da Câmara é um desastre para o Brasil e para a imagem do País. Ou Vossa Excelência começa a ficar calado, ou vamos iniciar um movimento para derrubá-lo", foram as palavras iniciais de Gabeira, dirigidas do plenário.

Irritado, o presidente da Câmara retrucou: "Deputado, recolha-se à sua insignificância e não fique fazendo insinuações que só cabem para Vossa Excelência. Eu não as aceito." Em seguida, dois asseclas de Severino pediram a palavra para atacar Gabeira, conhecido por sua defesa das chamadas "minorias" e "causas alternativas", como a descriminalização do uso de maconha.

"Não aceito que alguém use o microfone para tentar execrá-lo e desmoralizá-lo, principalmente quem defende a legalização dessa erva maldita e desgraçada", disparou o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA), representante dos evangélicos. "Parece inclusive que alguns gramas ou quilos de sementes da erva maldita, que eram de sua propriedade, foram apreendidos num aeroporto. Respeito Sua Excelência na condição de parlamentar, mas não seus projetos indecentes, que vão contra os hábitos, a cultura, a moral e os bons costumes do cidadão brasileiro."

Ainda mais ácido, o deputado Agnaldo Muniz (PP-RO) acusou Gabeira de ser indiretamente um aliado do crime organizado, por defender a legalização da maconha, e defendeu Severino das críticas. "Quando uma pessoa faz uma declaração como a que foi feita nesta tarde, não se sabe se a mesma está lúcida, se está no exercício pleno das razões, porque há substâncias que tiram a razão das pessoas", disse Muniz, referindo-se ao deputado carioca.

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