G-20 quer retomada das negociações para Rodada Doha

Em uma iniciativa para não deixar a Rodada Doha cair na gaveta da burocracia dos 149 países da Organização Mundial do Comércio (OMC), o G-20 e outras cinco agrupações de países em desenvolvimento decidiram disparar, nos próximos dias 9 e 10, no Rio de Janeiro, um uníssono apelo em favor da retomada das negociações "o mais breve possível". Mas com duas exigências – que não haja recuo nos objetivos traçados durante o lançamento da Rodada, em 2001, e nem nos acertos já alcançados nesses cinco anos de negociação, como a decisão de eliminar os subsídios à exportação até 2013.

As negociações estão suspensas desde 23 de julho passado devido aos conflitos de posições sobre o capítulo agrícola. Os primeiros alvos da mensagem serão os principais negociadores de três pesos pesados da OMC, que solicitaram a presença no encontro do G-20 – o comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, a representante dos Estados Unidos para o Comércio, Susan Schwab, e o ministro de Economia, Comércio e Indústria do Japão, Shoichi Nagagawa. Cada um terá uma hora para relatar e discutir com os agrupamentos do mundo em desenvolvimento suas posições e alternativas para a Rodada.

A rigor, o que se espera desses três protagonistas são decisões nas áreas de abertura de mercado agrícola e de redução de subsídios domésticos suficientes para pôr a Rodada novamente em marcha em algum momento de 2007. "O fato novo será que, depois de 37 dias de suspensão da Rodada, teremos a primeira grande reunião, com cerca de 30 delegações de países e grupos relevantes na OMC, para refletir sobre a retomada das negociações", afirmou o ministro Roberto Azevedo, diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, com cuidado de enfatizar que, nesse encontro, "não haverá negociações nem conclusões finais". "Este será apenas o primeiro passo. O importante é impedir que a Rodada Doha afunde em uma gaveta dos ministros de Comércio. Eles têm de manter o engajamento com a Rodada e encontrar uma alternativa para a retomada das negociações", completou.

Azevedo evitou apresentar novas expectativas sobre a retomada da Rodada. No final de julho, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e Schwab mencionaram o prazo entre cinco e oito meses. Esse período coincide com a perspectiva de reinício da Rodada apresentada nesta semana por Mandelson. Todas essas hipóteses consideram os resultados das eleições para o Congresso dos Estados Unidos, em novembro, e a posse dos novos parlamentares – os mesmos que vão decidir o mandato para o Executivo americano fechar acordos de livre comércio será estendido e as novas regras da Lei Agrícola.

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