Futuro governo

O que fará o futuro governo brasileiro, ninguém sabe. Pleitos anteriores, principalmente o último, deixam a quase certeza de que não cumprirá promessas.

Não obstante, tendo a campanha eleitoral começado e havendo a necessidade de que o eleitor imagine que cada candidato tem um norte, um objetivo a ser alcançado uma vez conquistado o poder, não é despiciendo pinçar na montanha de promessas as que aparecem como essenciais nas campanhas.

Cristovam Buarque, por exemplo, enfatiza a educação como a base de todo o seu projeto de governo. A educação figura também no ideário dos demais candidatos, mas não com a mesma ênfase. É indubitável que a universalização e qualificação do nosso sistema de ensino é um caminho que todos precisam seguir.

A candidatura da senadora Heloísa Helena, do PSOL, embora não aquinhoada com números expressivos nas pesquisas eleitorais, em respeito à suma personalidade pública inatacável, pelo menos no campo moral, coloca idéias de sentido social bem à esquerda, diríamos socialistas, sem abrir mão de instrumentos democráticos.

Geraldo Alckmin, do PSDB, prioriza o desenvolvimento econômico e a construção de obras, além da moralização da vida pública e redução de impostos. Tem um projeto que não é diferente daquele que apresentaram muitos de seus antecessores, ideologicamente de centro, talvez com alguns pruridos social-democratas e semelhanças ao de Juscelino Kubitschek. Não estamos fazendo referência à possibilidade de que tenha os mesmos sucessos do construtor de Brasília, mas que construir obras e promover o desenvolvimento econômico marcam o seu discurso.

Lula coteja o seu governo com os que o antecederam. Na semana passada, entretanto, o atual presidente e candidato à reeleição parece haver assoprado qual a tônica de seu segundo governo. Irá continuar com ênfase a mesma política econômica que praticou nesses últimos três anos e meio. Disse que se enganaram os que pensaram que sua administração é ou foi um governo de ministros. Referindo-se claramente a Antônio Palocci, afinal defenestrado do governo, disse que ele e seu gabinete é que ditaram a política econômica e não, como se pensava e muita gente até provava, o ministro e ex-prefeito de Ribeirão Preto. Isto afirmando, desmentiu até o próprio Palocci, que deixava muito claro que ditava a política econômica e Lula apenas lhe dava cobertura. O presidente contesta: Palocci e Mantega apenas obedecem e executam.

Fará, portanto, se consagrado pelas urnas, uma política dita econômica que gente do seu próprio partido, o PT, sempre identificou como neoliberal, de direita. O governo Lula não praticou uma política econômica, mas apenas uma política fiscal com a busca desesperada de elevados superávits para pagar as dívidas, principalmente a externa, pouco sobrando para o desenvolvimento econômico. Isso nunca foi do agrado das esquerdas, mas Lula agora declara que não é e nunca foi radical de esquerda… 

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