O futuro diretor de Política Monetária do Banco Central, Mario Gomes Torós, já foi indiciado e absolvido em processo administrativo no âmbito da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Torós, que atualmente é gestor do Thassos Fundo de Investimento Multimercado, já foi vice-presidente do Santander Banespa, cargo que ocupou até julho de 2006. Foi quando ocupava esse cargo no banco espanhol que foi indiciado por prática de manipulação de preços, juntamente com outro executivo, Gustavo Adolfo Funcia Murgel (também absolvido ao final do processo), e com as instituições Banco Santander Brasil S.A., e Santander Noroeste DTVM Ltda.

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Segundo informações da CVM, o banco Santander realizou, no mercado à vista da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), nos pregões de 28 de abril de 2000 e 27 de junho do mesmo ano, operações de venda de ações que compunham o Índice Bovespa e que provocaram ?uma sensível queda?, no valor de fechamento daquele índice, segundo avaliação da autarquia. Isso, de acordo com a CVM, gerou benefícios para o banco.

No caso do pregão de 28 de abril daquele ano, os benefícios foram originados de operações com contratos de Ibovespa futuro. No caso do pregão de 27 de junho, o banco levou vantagens com opções flexíveis de compra do Ibovespa, ?por deter aquele banco posições vendidas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F)?, segundo explicação da autarquia.

Ainda de acordo com a CVM, nas duas oportunidades acima, o Santander emitiu ordens de venda de grandes lotes de ações nos cinco minutos finais do pregão, quando se realiza o ?call? de fechamento, a preços inferiores aos então praticados, o que teria contribuído, de forma decisiva, para a queda do Ibovespa nos dias em questão. Essa atitude do banco também foi acompanhada pela Santander DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários). Os fatos foram levados ao conhecimento do colegiado da CVM, que decidiu abrir inquérito em 2001 para apurar as circunstâncias do caso.

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De acordo com a apuração inicial da CVM, os quatro indiciados estariam envolvidos nessa possível manipulação de preços. Entretanto, após efetuar investigações mais aprofundadas, a CVM decidiu absolver Torós e Murgel da prática – mas isso não impediu que a autarquia aplicasse multas pecuniárias de R$ 500 mil ao Banco Santander e de R$ 100 mil ao Santander Noroeste DTVM. A decisão foi divulgada em julho de 2004.