Reúne-se mais uma vez o Fórum Mundial da Economia na geladíssima Davos, nos Alpes suíços. A fina flor do capitalismo global lá estará representada para debater as principais questões da disseminação da economia neoliberal no planeta.
China, Rússia e Índia são as vedetes das rodadas sobre o avanço social e econômico nos chamados países emergentes, com surpreendentes índices de crescimento do Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas durante um ano.
Mais uma vez o Brasil se limita a cumprir o papel de espectador privilegiado, mas sem participação ativa ou distintiva em quaisquer das grandes discussões pautadas. A exceção dar-se-á no painel que pretende discutir a tendência verificada hoje na América Latina com a eleição de políticos socialistas ou populistas.
Os destaques brasileiros, a rigor, estarão a cargo de Pelé e do ministro da Cultura, Gilberto Gil. O eterno craque, hoje figura com alguma predominância no mundo dos negócios, participará da sessão sobre a importância econômica de um evento como a Copa do Mundo, e o ministro apresentará um show de música popular brasileira.
A constatação é, portanto, duma obviedade sintomática. O Brasil continua sendo visto pelo mundo desenvolvido como o país do futebol, do samba e do carnaval.
Enquanto os representantes dos três países acima citados desfilam pelos salões de Davos explicando o sucesso da economia, expansão industrial, geração de empregos e distribuição de renda, os brasileiros vão ouvir e tentar compreender os motivos da eqüidistância do crescimento não retórico.