Enfim, Carlos Minc vai aceitar o cargo de ministro do Meio Ambiente. Relutou, usou uma viagem para a França para ganhar tempo, foi pressionado por vários lados até confirmar que será o substituto de Marina Silva. É um dos mais experientes técnicos no setor, e é mais ?afável? que Marina no trato com os governantes. Liberará licenças ambientais com mais rapidez.
O inusitado da escolha foi a forma como ela aconteceu, digno retrato do atual estágio da política brasileira. Marina Silva abdicou do cargo e, logo que soube (e ficou irritado, por sinal), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), perguntando-o se ele permitiria uma conversa com seu secretário de Estado do Meio Ambiente, Carlos Minc, sobre a possibilidade de assumir o ministério.
Até aí, tudo bem. Lula foi polido e respeitou o governador fluminense ao avisá-lo antes do interesse em levar Minc para Brasília. Mas o que aconteceu depois? A assessoria (ou o próprio governador) decidiu ?vazar? a informação para a imprensa, praticamente anunciando o secretário como novo ministro quase ao mesmo tempo em que o presidente sondava o ex-governador do Acre, Jorge Viana (PT) para a função.
O governador do Rio deve ter lembrado da brilhante carreira do pai, o jornalista e escritor Sérgio Cabral, hoje conselheiro aposentado do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. Cabral, o pai do governador, é protagonista do grande momento do jornalismo brasileiro, no final da década de 60, como cronista de O Globo e editor de O Pasquim.
Fosse Sérgio Cabral e se aceitaria tal pressa em anunciar a nomeação de Carlos Minc como ministro do Meio Ambiente. Mas o nome do governador é Sérgio Cabral Filho, e ele não é jornalista. Como Minc demorou a aceitar o cargo, o político ficou na história como excessivamente vaidoso, tentando atrair para si uma influência no presidente que o permitiria indicar um ministro. Não era bem isso.
Ele agiu como agem os políticos desesperados por badalação, o que ele não precisa.
